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Exportação de soja do Brasil deve saltar neste mês; sem impacto de coronavírus

Publicado 03.02.2020, 16:23
Exportação de soja do Brasil deve saltar neste mês; sem impacto de coronavírus
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Por Roberto Samora e Gabriel Araujo

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil em fevereiro têm potencial para superar os embarques registrados em igual período do ano passado, à medida que a colheita ganha força após um mês de janeiro mais fraco em movimentações da oleaginosa nos portos brasileiros, indicaram dados de programação dos navios.

Os embarques planejados estão perto de 7 milhões de toneladas, segundo informações da agência marítima Cargonave divulgadas na última sexta-feira, com mais de 110 navios agendados, o que permitiria ao país superar as exportações de mais de 5 milhões de toneladas registradas em fevereiro de 2019, conforme dados revisados do governo.

O mês de janeiro-- tradicionalmente mais fraco nas vendas externas do Brasil, por ser um período em que o país ainda está apenas no início da colheita-- teve exportações de 1,49 milhão de toneladas de soja, contra 2,04 milhões no mesmo mês do ano anterior e 3,44 milhões em dezembro, informou a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) nesta segunda-feira.

Analistas consultados pela Reuters ainda não veem efeito, por ora, da epidemia de coronavírus na China, principal compradora de soja do mundo, sobre os embarques do Brasil, maior exportador global da oleaginosa.

A maior parte dos embarques de soja programados para fevereiro tem a China como destino, como tradicionalmente acontece, mas especialistas ponderam também que tais exportações, em sua maioria, foram fechadas antes do surto da doença no país asiático.

"Sobre a China, é normal que seja o principal destino, já comprou lá atrás. Se eles vão cancelar por questões de coronavírus, não dá pra dizer, me parece que não. Não vemos grande prejuízo para a exportação neste começo de ano", disse a analista Daniele Siqueira, da consultoria AgRural.

Para Luiz Fernando Roque, da Safras & Mercados, sabe-se que há alguns problemas em portos chineses, em função da doença, mas nada que possa impactar severamente o recebimento do produto. Ele disse ainda que o governo chinês está incentivando a retomada de unidades processadoras da oleaginosa em províncias afetadas pelo coronavírus.

"Ainda é muito cedo para falar que vai exportar menos por causa do coronavírus.... Existem exageros de todos os lados... O que pode acontecer é os desembarques atrasarem um pouco... Temos de acompanhar", comentou.

Ele lembrou que, mesmo diante das notícias sobre o coronavírus, os registros de navios programados para exportação de soja não param de acontecer no Brasil, com o país dando início à temporada de exportações.

"Os lineups já indicam embarques maiores do que fevereiro do ano passado, é indicação de que a demanda está aquecida, chineses continuam comprando, até porque a demanda chinesa por soja chinesa é inelástica... as pessoas não param de comer, acho que explica uma manutenção da demanda chinesa, que é o que eu espero que vai acontecer", disse Roque.

Ele ponderou que claramente a doença terá um impacto na economia chinesa, mas é muito cedo para falar sobre o efeito especificamente sobre a soja.

Procurado, o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, disse que por enquanto não é possível dizer como a coronavírus poderá influenciar as exportações. "É muito cedo e a safra está atrasada."

ATRASO NA COLHEITA

Daniele, da AgRural, lembrou que a colheita de soja no Brasil está mais lenta do que o registrado no ano passado, especialmente no Paraná, um dos maiores produtores brasileiros, o que também gera alguma consequência sobre o ritmo de embarques.

Com isso, ela acredita em exportações "firmes", mas avalia que as vendas podem não ser tão fortes quanto em fevereiro do ano passado.

"Não deve ser recorde. Colheita mais atrasada, grande parte do volume de colheita vai sair na segunda quinzena, pode ser que alguma coisa (dos embarques programados para fevereiro) fique para março", disse a consultora, lembrando que a programação de navios de janeiro também mostrou mais soja do que os volumes efetivamente embarcados ao final do mês.

Segundo a AgRural, a colheita da safra 2019/20 de soja chegou a 9% da área cultivada no Brasil até a última quinta-feira, versus 19% de um ano atrás, mas em linha com a média de cinco anos, com os trabalhos sendo puxados por Mato Grosso, onde 28% da área já está colhida.

"Nos outros Estados, que tiveram atraso no plantio devido às precipitações irregulares de outubro e novembro, a colheita ainda é incipiente e só deve ganhar mais fôlego na segunda quinzena de fevereiro, quando grandes volumes de soja estarão prontos para as máquinas", acrescentou a AgRural em relatório publicado nesta segunda-feira.

(Por Roberto Samora e Gabriel Araujo)

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