BRASÍLIA (Reuters) - É "precipitado" falar em mudança da meta de superávit primário deste ano, disse nesta terça-feira o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmando que o governo tem tomado medidas em relação aos desafios fiscais imediatos, e também para 2016 e os anos à frente.
"Não conversei com ninguém sobre a redução da meta de superávit primário", disse em entrevista a jornalistas.
Apesar da afirmação, o ministro foi questionado sobre o fato de que um novo alvo fiscal estaria em discussão, conforme relatos recentes de senadores sobre conversas com membros da equipe econômica.
Em resposta, Levy foi vago e disse apenas que o governo tem capacidade de fazer um fiscal bastante significativo e acrescentou que a transparência é um dos elementos mais importantes para a economia.
O alvo fiscal deste ano de 66,3 bilhões de reais, equivalente a 1,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), se mantém como um objetivo difícil de ser alcançado mesmo após uma série de medidas tributárias e de corte de gastos adotados pelo governo.
Em 12 meses encerrados em abril, essa economia de despesa para o pagamento de juros ficou negativa em 0,76 por cento do PIB.
Sobre novas ações para reforçar o caixa e um momento de forte restrição na arrecadação de tributos, Levy informou que o governo estuda a possibilidade de abrir o capital do Instituto de Resseguro do Brasil (IRB).
"Ainda é uma ideia e temos que ver o marco regulatório à frente. Temos que ter receita, mas também trazer dinamismo para diversos setores", comentou.
Em breve avaliação da conjuntura, o titular da Fazenda afirmou que a desaceleração da economia ainda não é decorrente do ajuste fiscal e que alguns riscos previstos no início do ano foram minimizados, citando como exemplo o risco de falta de energia elétrica e de água. Também disse que ficou para traz o risco da dívida da Petrobras (SA:PETR4).
"Em fevereiro, havia quem achasse que toda a dívida da Petrobras seria executada e esse é um risco que se diluiu."
INFLAÇÃO
Questionado se o governo poderá alterar a meta de inflação de 2017, ele disse apenas que o alvo será decidido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A meta de inflação do governo é de 4,5 por cento com dois pontos percentuais de intervalo para cima ou para baixo.
Ele considerou, no entanto, que pela primeira vez em vários anos, a projeção para a inflação no médio e longo prazo está voltando a ficar ancorada no centro da meta, citando como exemplo o ano de 2017.
"A inflação estava desancorada e agora volta à meta. Para 2016 também está convergindo."
(Reportagem de Luciana Otoni)