Teresa Bouza.
Washington, 23 out (EFE).- O presidente do Federal Reserve (Fed,
banco central americano), Ben Bernanke, anunciou hoje que o
organismo reforçará as regras de supervisão dos grandes bancos do
país e vigiará mais de perto as instituições menores.
O objetivo é tentar evitar uma crise financeira como a de há
cerca de um ano, que deixou a economia americana à beira do colapso.
"Não faz muito mais que um ano que nós e nossos parceiros
internacionais enfrentamos a crise financeira mais severa desde a
Grande Depressão dos anos 30", lembrou hoje Bernanke, durante um
discurso feito em Chatham, no estado americano de Massachusetts.
Para que a crise não se repita, o banco central americano
participa de uma série de "esforços conjuntos" para assegurar que as
instituições "grandes e críticas do ponto de vista sistêmico" tenham
"mais capital e de maior qualidade".
Bernanke lembrou que o Financial Stability Board, um organismo de
supervisão internacional formado por altos funcionários de
instituições de diferentes países, solicitou "standards de capital
significativamente maiores".
O presidente do Fed ressaltou, além disso, que o Grupo dos Vinte
(G20, formado pelos países ricos e os principais emergentes) se
comprometeu a "desenvolver regras para melhorar a quantidade e
qualidade do capital bancário".
Os esforços conjuntos citados buscam também melhorar as práticas
de gestão, os sistemas de manejo da liquidez mais robustos, as
estruturas de compensação que levem a assumir riscos "apropriados" e
um tratamento justo aos consumidores.
Além disso, o Fed está adotando medidas para "reforçar a
supervisão e o cumprimento das normas", que deveriam ajudar a
"antecipar e mitigar" as ameaças à estabilidade financeira.
Com esse fim, o banco central americano estuda ampliar para
outras instituições os "testes de resistência" que aplicou nos 19
maiores bancos do país. Em maio, o Fed divulgou os resultados de
dois meses e meio de uma análise exaustiva dos balanços dos maiores
bancos americanos.
A autoridade monetária concluiu na época que dez desses 19
bancos necessitavam juntos cerca de US$ 75 bilhões adicionais para
reforçar seu capital.
Bernanke disse hoje que diante do "êxito" da iniciativa, o Fed
planeja realizar análises "mais frequentes, mais amplas e mais
exaustivas".
O objetivo é detectar tanto riscos gerais quanto específicos,
assim como problemas relacionados com a gestão das instituições.
"São necessárias medidas adicionais para assegurar que todas as
organizações bancárias tenham o capital adequado", insistiu o
presidente do Fed.
Durante seu discurso, pediu também rapidez ao Congresso para
aprovar uma reforma das regulações financeiras.
"Com a crise financeira diminuindo de força, agora é o momento
que os legisladores devem adotar medidas para reduzir a
probabilidade e a intensidade de qualquer crise futura", afirmou.
O Fed e o Departamento do Tesouro anunciaram ontem grandes cortes
nos salários de diretores das sete empresas que receberam uma ajuda
multimilionária do Governo americano para superarem a crise.
São elas Citigroup, Bank of America, American International
Group, General Motors, GMAC, Chrysler Group e Chrysler Financial.
"Embora os reguladores possam fazer muito para melhor a regulação
e supervisão financeira, o Congresso também deve atuar", disse. EFE