SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Michel Temer afirmou que o contingenciamento no Orçamento previsto para ser anunciado mais tarde nesta quarta-feira se faz necessário para manter o ajuste fiscal empreendido pelo governo, o que, segundo ele, tem ajudado o Brasil a recuperar a confiança dos investidores.
Segundo Temer, a economia apenas "começou a decolar", de forma que o contingenciamento e "uma ou outra medida que seja necessária" serão adotados de forma a manter a responsabilidade fiscal, sem citar nominalmente o esperado aumento de tributos."A economia ainda não decolou por inteiro, ela começou a decolar, tanto que vez ou outra os senhores veem notícias de que talvez haja necessidade de um certo contingenciamento, uma ou outra medida que seja necessária", disse Temer em discurso na abertura de conferência do Bank of America Merril Lynch, em São Paulo, ressaltando que são medidas episódicas e transitórias.
"Para logo depois nós eliminarmos o contingenciamento ou outro gravame qualquer que tenhamos que colocar no lugar para manter esse ritmo da responsabilidade fiscal", acrescentou.
O Ministério da Fazenda marcou para o fim da tarde desta quarta-feira o anúncio do contingenciamento no Orçamento para cumprimento da meta fiscal de 2017, depois que a equipe econômica passou a terça-feira em meio a cálculos sobre o tamanho do corte de gastos e receitas extraordinárias --via aumento de impostos, por exemplo-- que serão necessários.
Fontes com conhecimento sobre o assunto disseram à Reuters que o governo anunciará um corte de cerca de 30 bilhões de reais e reoneração da folha de pagamentos como medidas para cobrir o rombo adicional de 58,2 bilhões de reais nas contas públicas deste ano. [nL2N1H60N5]
Outros aumentos de alíquota de tributos, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), também devem ser anunciados no final desta tarde, mas em menor proporção do que a originalmente pensada pela equipe econômica capitaneada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Temer afirmou ainda na conferência em São Paulo que o Brasil está a caminho de recuperar o grau de investimento, depois que a agência Moody's passou a perspectiva do rating do país de negativa para estável, e disse ser "muito provável" que no segundo semestre se tenha "combatido radicalmente o desemprego". [nL2N1GS231]
"Não fosse a responsabilidade fiscal, nós não teríamos a credibilidade, que eu penso, que o país está reconquistando".
(Reportagem de Thais Freitas)