Investing.com - O surpreendente otimismo dos mercados internacionais reverteu as expectativas negativas da semana após a votação pelo Brexit. O clima de pânico nos dias que se seguiram ao referendo britânico deu lugar a uma valorização forte dos ativos de risco – como ações, commodities e moedas mais fracas – que, em diversos casos, superou o patamar pré-votação.
Após o forte tombo com a frustração e as incertezas provocadas pela decisão dos eleitores do Reino Unido, os investidores confiaram que os principais bancos centrais vão abrir o caixa e dar mais estímulos à economia para manter a liquidez dos mercados e contrapor o efeito negativo da primeira cisão da União Europeia. A aposta é que o Fed não eleve mais os juros neste ano e que o Banco Central Europeu e o Banco do Japão atuem para normalizar o mercado.
Antecipando os movimentos dos BCs, os investidores deram ao índice londrino FTSE 100 uma alta de 7,15% na semana. Os 1.056 pontos é 3,5% acima do índice pré-votação e 12,7% superior à mínima atingida há uma semana após a divulgação dos resultados. O Reino Unido não ficou sozinho nesse mar de otimismo. Nikkei 225 ganhou 4,9%, CAC 40 avançou 4,1% e o DAX subiu 2,3%, espantando temporariamente o medo do Brexit. Os índices norte-americanos também valorizaram com ganhos na casa dos 3,3% no Nasdaq, S&P 500 e Dow Jones 30.
Bovespa. O Ibovespa não ficou atrás e, com quatro pregões seguidos de alta, acumulou ganhos de 4,25% na semana, superando os 52 mil pontos no fechamento de sexta-feira.
Dólar. O discurso do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, defendendo o câmbio flutuante após a divulgação do relatório trimestral de inflação deu fôlego ao mercado para testar novas mínimas na moeda. Após três quedas, na quinta-feira, o dólar chegou a ser negociado a R$ 3,18, pela primeira vez em um ano. No mesmo dia, à noite, Goldfajn disse que neste patamar, o BC iria desfazer seu estoque de swaps e o banco anunciou a venda de swaps reversos para sexta-feira. A moeda fechou a semana a R$ 3,21, queda de 4%.
Estácio (SA:ESTC3). O noticiário do mercado corporativo também se movimento nesta semana com o anúncio de que o conselho de administração da Estácio aceitou a venda da empresa por 1,281 por uma ação da Kroton (SA:KROT3), mais R$ 170 milhões em bônus. A Kroton subiu 5% na sexta-feira após o anúncio da operação e a Estácio ganhou 1,5%, após 56% de aumento em junho.
Hypermarcas (SA:HYPE3). A semana foi extremamente negativa para a empresa com a notícia de que seu ex-diretor Nelson Mello confirmou a PGR em delação premiada que pagou R$ 30 milhões a dois lobistas para encaminharem a senadores do PMDB. A empresa afirmou que Mello agiu sem autorização. A ação da empresa sofreu e perdeu 16% na semana.
JBS (SA:JBSS3). O cenário também ficou negativo para a JBS após ter seu controlador e a Eldorado, do mesmo grupo, envolvidos em nova fase da Operação Lava Jato. A Polícia Federal realizou ações de busca e apreensão nas empresas e na casa do CEO da J&F, Joesley Batista. A empresa caiu 4,3% na sexta, mas assegurou alta de 3% na semana.
Gol. A semana foi de volatilidade nas ações da empresa com o acordo de que o presidente interino Michel Temer vetaria a retirada do limite de capital estrangeiro nas companhias aéreas. A matéria passou no Senado, mas com o acordo para o veto, deverá ser rediscutida pelo governo através de um projeto de lei. A empresa teve a família de seu fundador envolvido em nova fase da Lava Jato, o que provocou perdas na bolsa. A semana fechou negativa em 5%, após variações diárias entre -9,7% e +13,2%.
Oi (SA:OIBR4). Após meses tentando renegociar sua dívida e pedir recuperação judicial, a Oi teve sua demanda aprovada pela Justiça Federal do Rio de Janeiro.
Petrobras (SA:PETR4). O conselho de administração da petroleira aprovou a criação de nova diretoria de estratégia, que deverá ser comandada por Nelson Silva, ex-CEO da BG no Brasil. Acompanhando o otimismo e os preços do petróleo, a ação preferencial da Petrobras subiu 6%, em sua quinta semana consecutiva de alta.
Vale (SA:VALE5). A mineradora registrou uma semana forte com ganhos de 9,3% com a recuperação mundial. Na sexta-feira, o STJ suspendeu a homologação do acordo firmado com governo pelo rompimento da barragem do Fundão, em Minas Gerais no ano passado. Participam do acordo, Samarco e a BHP Billiton.
Commodities
Petróleo. A cotação da commodity oscilou fortemente durante a semana acompanhando o humor do mercado internacional. O petróleo foi negociado entre US$ 46 e US$ 50 nos EUA e fechou a semana a US$ 49,20. Nos fundamentos, houve grande redução dos estoques de petróleo nos EUA, que permanecem em níveis recordes. O número de sondas em atividade no país subiu novamente, para 341 unidades.
Milho. A segunda safra de milho deverá ter quebra de 19,4%.
Indicadores
Déficit. O governo registrou déficit recorde de R$ 18,125 bilhões em maio.
Balança comercial. Em junho, o resultado ficou positivo em US$ 3,974 bilhões, somando US$ 23,635 no melhor semestre da história.
Inflação. O IGP-M avançou 1,69% em junho. IPC-S caiu para 0,26% em junho. A meta de inflação para 2018 foi mantida em 4,5% pelo CMN, com margem de 1,5 p.p.
Desemprego. A taxa de desemprego ficou estável em 11,2% no trimestre encerrado em maio.
Indústria. A produção industrial ficou estagnada em maio e interrompeu dois meses de alta.
Dívida. O BC divulgou que a dívida federal subiu em maio e se aproximou de R$ 2,9 trilhões.
PIB. O PIB dos EUA foi revisado para 1,1%. Reino Unido mantido em 0,4%. A Argentina cresceu 0,5%.