Madri, 17 abr (EFE).- Os habitantes das Ilhas Malvinas (Falklands em sua denominação inglesa) sublinharam que possuem o direito de decidir seu futuro e sua condição de britânicos, como deixaram claro no referendo realizado no último mês, e rejeitaram as pretensões argentinas de estarem sob sua soberania.
"Não somos cativos do Reino Unido", afirmou nesta quarta-feira à Agência Efe James Mosh, que, junto a um dos integrantes da Assembleia Legislativa das Malvinas, Roger Edwoods, percorre várias capitais europeias para explicar o resultado dessa consulta popular realizada entre os dias 10 e 11 de março na ilha, onde vivem aproximadamente 2,8 mil.
Na referendo citado, 99,8% dos eleitores manifestou que desejam pertencer ao Reino Unido, mas com o status de território de ultramarino e com grande autonomia.
Outra equipe viaja pela América do Sul e, tanto eles como Edwoods e Mosh, justificam os motivos pelos quais os habitantes do arquipélago optaram por ser britânicos, além de como a economia e a qualidade de vida cresceram nas últimas décadas.
A presença de ambos os ilhéus em Madri coincidiu hoje com o funeral da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, que há 31 anos enviou uma potente força naval para recuperar as ilhas, invadidas pela ditadura militar que governava a Argentina na ocasião.
Edwoods, que então fazia parte Exército, combateu nas Malvinas e, por isso, assegurou hoje que sua população se recorda de Thatcher com grande gratidão, enquanto se mostrou convencido de que os "machistas" militares argentinos jamais pensariam que uma mulher poderia mandar uma frota de guerra ao Atlântico.
Ambos os representantes também criticaram o governo argentino por sua persitencia em torno da autonomia do arquipélago e asseguraram que o referendo do último mês elimina qualquer tipo dúvida e má interpretação em relação a essa questão.
"Diziam que o referendo era uma bobagem, mas se esforçaram muito para criticar essa bobagem", afirmou Edwoods, que, inclusive, rejeitou os vinculos de amizade com Buenos Aires, embora tenha defendido suas relações.
Segundo Edwoods, os habitantes de Malvina não acham que o papa Francisco mediará essa controvérsia entre Reino Unido e Argentina em torno das Malvinas, como lhe pediu a presidente Cristina Kirchner, por considerar que, à frente da Igreja Católica, o mesmo terá outros temas mais importantes para se preocupar.
Em relação à imagem que essa controvérsia tem no continente sul-americano, Edwoods admitiu que a posição argentina conta com simpatias, mas que suas explicações fazem o possível esclarecer que os malvinenses têm o pleno direito de decidir seu futuro. EFE