Por Jan Strupczewski e Renee Maltezou
BRUXELAS (Reuters) - As negociações para evitar um calote da dívida grega cambalearam nesta quarta-feira e ministros das Finanças da zona do euro acusaram a Grécia de não querer se comprometer, apesar do prazo da próxima semana que pode colocar o país rumo à saída do euro.
Uma conversa entre o governo grego e os credores acabou na madrugada em Bruxelas e deve ser retomada na manhã de quinta-feira, antes de uma reunião de ministros das Finanças da zona do euro, disse uma fonte próxima às negociações.
Uma autoridade do governo grego disse após o fim da conversa que a Grécia permanece firme na sua posição nas negociações para alcançar um acordo que prevê a liberação de recursos em troca de reformas.
"O governo grego continua firme em suas posições", disse a autoridade, acrescentando que equipes técnicas vão se reunir três horas antes da reunião de quinta-feira.
A Grécia precisa pagar 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI) na próxima terça-feira ou será declarada em default, potencialmente levando a uma corrida aos bancos e controles de capital, seguidos pela saída da unidade monetária.
Os ministros do Eurogrupo encerraram uma reunião de emergência convocada para aprovar um acordo após pouco mais de uma hora porque não havia acordo pronto para ser discutido.
"Infelizmente, nós ainda não chegamos a um acordo, mas estamos determinados a continuar trabalhando, este trabalho vai avançar durante a noite, se necessário", disse a jornalistas o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.
Ministros mostraram irritação por serem chamados para Bruxelas novamente apenas para esperar enquanto Atenas, o elo mais fraco dos 19 países que usam o euro, resistia a medidas sugeridas por seus credores como essenciais para equilibrar suas finanças públicas e tornar a economia mais competitiva.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, passou toda a tarde com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a líder do FMI, Christine Lagarde, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, e Dijsselbloem sem chegar a uma solução.
Quando os 19 ministros do Eurogrupo se reuniram, os negociadores não conseguiram produzir um rascunho devido a grandes divergências em áreas como reformas em pensões, impostos, leis trabalhistas, salários do setor público e investimento.
"Não conseguimos devolver nada a ninguém porque não tem nada sobre a mesa", disse a repórteres o ministro das Finanças da Finlândia, Alexander Stubb.
Autoridades disseram que as conversas poderiam se arrastar por mais dois dias. Mas sem um acordo até sábado, endossado pelos parlamentares gregos e um voto no Parlamento alemão na segunda-feira, a Grécia pode não conseguir o dinheiro para cumprir o pagamento que vence na terça-feira. O resgate da UE e do FMI também vence no mesmo dia.
DISPUTA SOBRE REESTRUTURAÇÃO DA DÍVIDA
Entre as principais disputas não resolvidas estão as demandas da Grécia pela reestruturação da dívida, o que foi rejeitado por diversos ministros da zona do euro, e diferenças sobre reformas no caro sistema de pensões da Grécia.
O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, cujo país é o maior credor de Atenas, disse que os preparativos para um acordo mal tinham avançado. Seu colega austríaco foi um dos vários a dizer que as demandas gregas por alívio na dívida eram um problema.
Uma autoridade grega afirmou que as contrapropostas apresentadas pelos credores, entregues a Atenas na manhã desta quarta-feira e que vazaram rapidamente na Internet, não eram aceitáveis da forma como estavam, mas Tsipras esperava um acordo na quinta-feira.
(Reportagem adicional de Karolina Tagaris, George Georgiopoulos e Michele Kambas, em Atenas; de John O'Donnell, em Frankfurt; e de Renee Maltezou, Marine Hass, Philip Blenkinsop, Robert-Jan Bartunek, Tom Koerkemeier e Alastair Macdonald, em Bruxelas)