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Apresentação do Rio exalta ineditismo dos Jogos na América do Sul

Publicado 02.10.2009, 08:57
Atualizado 02.10.2009, 09:42

Copenhague, 2 out (EFE).- A apresentação final da candidatura do Rio de Janeiro aos Jogos Olímpicos de 2016, feita hoje em Copenhague, teve como principal ponto a oportunidade de levar o evento pela primeira vez ao Brasil e à América do Sul.

O argumento foi usado pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ao afirmar que os Jogos no Rio pertencerão "a todos os povos e continentes, e à humanidade inteira".

Lula afirmou que "chegou a hora" do Rio, já que o Brasil é o único país entre as dez principais economias do mundo que nunca recebeu as competições. Ele lembrou que os sul-americanos e a África nunca tiveram o evento.

"Nossa candidatura não é só nossa, é também de toda América do Sul, de 400 milhões de pessoas, entre eles 180 milhões de jovens", apontou Lula, ressaltando a necessidade de corrigir o "desequilíbrio" geográfico na distribuição dos Jogos.

"O COI introduziu nos últimos anos novas modalidades e novas tecnologias, além de atrair mais países ao movimento olímpico. Mas seu desafio agora é abrir novas fronteiras, expandindo os Jogos a outros continentes para que a chama olímpica possa arder também neles", destacou.

Segundo o presidente brasileiro, ao contrário das outras cidades envolvidas na disputa pelos Jogos de 2016 (Madri, Chicago e Tóquio), para o Rio de Janeiro seria uma oportunidade única para levar a auto-estima do povo brasileiro e impulsionar o desenvolvimento do país, deixando um "legado" para todo o povo.

"O Brasil vive um momento mágico, excelente, com uma economia pujante que permitiu a 30 milhões de pessoas sair da pobreza nos últimos anos. Damos todas as garantias possíveis para os Jogos e reiteramos o compromisso de todos os poderes políticos brasileiros com a candidatura", disse.

A cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países industrializados e os principais emergentes), realizada nos dias 23 e 24 de setembro na cidade americana de Pittsburgh, reconheceu a importância do Brasil como país emergente e sua capacidade para sair da crise financeira, ressaltou o presidente brasileiro.

Lula destacou também o caráter mestiço da sociedade brasileira, o que constitui sua "identidade", e sua condição de povo "apaixonado" que fará os membros do COI sentirem o "calor e alegria" do povo se o Rio vencer.

Único a falar em português na apresentação, o presidente do Brasil se mostrou "com orgulho" um representante das "esperanças e sonhos" de 190 milhões de brasileiros que estarão todos reunidos incentivando o Rio.

"Os que nos derem essa chance não se arrependerão. Os Jogos do Rio serão inesquecíveis (...) Para o movimento olímpico será a chance de sentir o nosso sol. Será a chance de falar para o mundo que a Olimpíada é de todos", disse.

Carlos Arthur Nuzman, à frente do comitê de candidatura e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) encerrou a apresentação afirmando que o Rio "está pronto" e pediu que sejam permitidas as "portas abertas" ao Brasil para levar os Jogos.

Antecipando-se às possíveis perguntas dos integrantes do COI, o governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral Filho, reiterou que a segurança está garantida, com "um novo modelo de vigilância" que ficou evidente durante o Pan de 2007, "onde não houve" incidentes.

As garantias econômicas foram apresentadas pelo presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, enquanto os momentos de mais emoção foram dos personagens mais ligados ao esporte.

O decano dos membros do COI e ex-presidente da Fifa João Havelange expressou o desejo de ver cumprido o sonho que o Rio, sua cidade natal, sedie os Jogos em 2016 e que ele mesmo possa celebrar seus 100 anos na cidade.

No palanque estavam também outras personalidades do esporte como Pelé, eleito maior jogador de futebol do século, o nadador paraolímpico Daniel Dias e a jovem atleta Barbara Leôncio, cujo choro marcou emotivamente o fim da apresentação do Rio.

Doping, expansão da rede hoteleira, legado e garantias financeiras foram os assuntos questionados pelos membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) ao comitê de candidatura do Rio de Janeiro aos Jogos de 2016.

Pouco depois de finalizada a apresentação por Carlos Arthur Nuzman, à frente do comitê de candidatura e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), o presidente do COI, Jacques Rogge, abriu aos eleitores a oportunidade de perguntas.

A primeira indagação foi sobre a legislação envolvendo o doping para a competição. Segundo Nuzman, o Brasil permite a investigação sobre os casos de doping e o Rio tem uma legislação adequada em relação ao assunto. "O COI terá toda a liberdade", garantiu.

O prefeito Eduardo Paes falou sobre a questão de incluir cruzeiros ancorados no porto como parte da rede hoteleira, uma preocupação do comitê internacional.

Ele lembrou que os contratos ainda não foram fechados, mas que há dois anos para as negociações e lembrou que há um histórico favorável nesta questão durante o Carnaval. Outro ponto ressaltado foi a revitalização da zona portuária, já em andamento.

A pergunta mais importante foi sobre o legado que os Jogos trariam ao Brasil. O Governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, disse que o principal seria imaterial, a "auto-estima" do povo brasileiro e da América do Sul.

"É evidente que a Copa do Mundo de 2014 gerará benefícios para a população, mas a Olímpiada será ainda melhor em termos de qualidade de infraestrutura, porque o evento será em apenas uma cidade, e não em várias", apontou.

"Sem dúvida, das quatro cidades é que a terá melhores benefícios", completou o Governador.

As garantias financeiras encerraram a sabatina do COI ao comitê do Rio. Lula falou sobre o compromisso das três esferas do governo e ressaltou o ato olímpico assinado pela Câmara que dá garantias que todo o país está envolvido no projeto.

"O Brasil aprendeu a cumprir todos os seus compromissos, isso porque precisamos todo dia mostrar ao mundo que o Brasil se tornou uma nação desenvolvida, capaz de mostrar no século 21 o que não fez no anterior", ressaltou o presidente.

A apresentação da candidatura do Rio começou pontualmente às 7h05 (de Brasília).

A primeira cidade a defender sua candidatura foi Chicago, que contou com o discurso do presidente americano, Barack Obama, que viajou à Dinamarca especialmente para o evento.

Em seguida, foi a vez de Tóquio apresentar aos membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) os motivos que a levam a ser a melhor opção para receber os Jogos de 2016.

Após a apresentação do Rio acontecerá uma pausa para almoço, e logo depois será a vez de Madri justificar seus motivos para receber os jogos, às 9h45 (de Brasília).

Às 11h (também da capital federal) começará a votação dos membros do COI para a escolha dos Jogos de 2016.

O anúncio da cidade escolhida para receber a Olimpíada de 2016 está previsto para as 13h30 (de Brasília). EFE

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