BRASÍLIA (Reuters) - Os tomadores de empréstimos de menor renda, de até três salários mínimos, passaram a responder por cerca de 60 por cento do total em número de clientes no ano passado, situação que desperta atenção sobre endividamento e inadimplência, informou o Banco Central nesta quarta-feira.
Em 2014, segundo o Relatório de Inclusão Financeira do BC, do total de 56 milhões de tomadores de crédito, 34,4 milhões estavam na faixa de renda mais baixa e também apresentavam maior nível de inadimplência: 6,2 por cento, contra 3,7 por cento no geral.
"A representatividade desse segmento pede atenção especial sobre os indicadores de endividamento, comprometimento de renda e de inadimplência, não só pela preocupação com a estabilidade do sistema financeiro, mas também pela preocupação com a saúde financeira do cidadão", trouxe o relatório, que também ressaltou a "a vulnerabilidade desse segmento a um processo de endividamento".
Segundo o BC, o aumento real de renda na última década beneficiou as classes mais baixas e veio acompanhado de maior uso de cartão de crédito, modalidade de fácil acesso mas que cobra os juros mais elevados.
"As condições de acesso ao crédito impostas pelo mercado são mais duras para quem tem rendimento menor, rendimento mais volátil, não tem estabilidade no emprego, não tem patrimônio, não possui histórico de crédito ou possui histórico de crédito negativo. Tais circunstâncias elevam o risco do tomador, restringindo o acesso ao crédito, ou deixando-o mais caro, mais oneroso", disse o BC.
O relatório apontou que enquanto o endividamento total sobre a renda chegou a 64 por cento em 2014, entre os que ganham até três salários mínimos era de 73 por cento.
(Por Marcela Ayres)