Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O presidente de Cuba, Raúl Castro, agradeceu ao papa Francisco neste domingo por intermediar a aproximação entre Havana e Washington e disse ter ficado tão impressionado com o pontífice que poderia voltar à Igreja, apesar de ser comunista.
Aos 83 anos, o irmão mais novo do líder revolucionário cubano Fidel Castro falou com o papa durante quase uma hora -- um encontro excepcionalmente longo para uma reunião papal-- durante uma visita que o Vaticano disse ser estritamente privada e não uma visita de Estado.
Audiências papais aos domingos são extremamente raras. O papa Francisco abriu uma exceção quando Castro perguntou se ele poderia parar em Roma em seu caminho de volta de Moscou para agradecer ao pontífice pela mediação do Vaticano entre os Estados Unidos e Cuba, segundo autoridades cubanas.
Ao sair da reunião, Castro disse a repórteres ter agradecido ao papa pela intervenção do Vaticano que levou à retomada histórica em dezembro das relações diplomáticas entre os ex-adversários depois de mais de meio século de antagonismo.
Mais tarde, em uma entrevista à imprensa com o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, Castro disse que saiu do encontro com o papa "realmente impressionado com sua sabedoria e sua modéstia".
Francisco, que deve visitar Cuba e os Estados Unidos em setembro, é membro da ordem religiosa jesuíta. Castro brincou dizendo que "até mesmo eu sou um jesuíta, em certo sentido", já que ele foi educado por jesuítas antes da revolução.
"Quando o papa for a Cuba em setembro, eu prometo ir a todas as suas missas e ficarei feliz em fazê-lo", disse ele, acrescentando que lê todos os discursos do primeiro papa da América Latina, que faz da defesa dos pobres uma prioridade de seu papado.
"Eu disse ao primeiro-ministro que se o papa continuar a falar como ele fala, mais cedo ou mais tarde eu vou começar a rezar novamente e retornar à Igreja Católica, e eu não estou brincando", disse ele.
Ambos os irmãos Castro foram batizados como católicos.