SÃO PAULO (Reuters) - Os estoques privados de arroz do Brasil terminaram a temporada 2018/19 em 492,42 mil toneladas, menor volume desde a safra 2015/16 e queda de quase 24% em relação ao ano anterior, informou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta quarta-feira.
De acordo com boletim da entidade, cujo calendário indica o fim da temporada 2018/19 em 20 de fevereiro deste ano, essa é a terceira redução consecutiva nos estoques privados de passagem do país.
Na série dos últimos cinco anos, a mínima foi registrada em 2015/16 (contabilização de 2017), quando os estoques atingiram 408,03 mil toneladas. Na safra 2017/18 (fim em 2019), o nível foi de quase 647 mil toneladas.
Se contabilizado o volume público de 23,15 mil toneladas ao final da safra 2018/19, o novo registro para o estoque de passagem atinge 515,57 mil toneladas, acrescentou a Conab.
A estimativa foi baseada em estoques do Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Santa Catarina, que juntos representam cerca de 85% da produção de arroz do Brasil --os gaúchos tiveram o maior estoque privado de passagem apurado, com mais de 455 mil toneladas.
Segundo a Conab, o nível baixo de estoques em 2018/19 reflete a produção reduzida de arroz do país na temporada --em seu relatório de junho, a entidade fixou a safra 2018/19 do Brasil em 10,4 milhões de toneladas, ante cerca de 12 milhões de toneladas em 2017/18.
"Apesar da reduzida safra 2018/19, a significativa retração do consumo, identificado no período de comercialização de tal safra, refletiu em preços próximos da estabilidade com ameno viés de alta", disse a entidade no levantamento de safras deste mês.
"Como resultado, nota-se, pela terceira safra consecutiva, uma redução nas estimativas de estoques de passagem do setor."
Segundo o boletim desta quarta-feira, os números consolidam a estimativa de consumo em 10,28 milhões de toneladas, uma redução anual de 8,5% na demanda brasileira.
Para a atual safra 2019/20, que se encaminha para o fim, a Conab estima produção de 11,12 milhões de toneladas, incremento de 6,5%.
As medidas de isolamento devido à pandemia de coronavírus, segundo a companhia, devem impulsionar o consumo de arroz do Brasil neste ano.
"Destaca-se a significativa valorização dos preços internos, que refletirá na redução do volume exportado de arroz brasileiro e, consequentemente, levará a balança comercial do grão ao equilíbrio", afirmou a Conab no novo boletim, no qual projetou quadro de suprimento ajustado, com abastecimento garantido pela recuperação da produção no Sul.
(Por Gabriel Araujo)