SÃO PAULO (Reuters) - O balanço global de oferta de açúcar deverá registrar um déficit de 1,7 milhão de toneladas na temporada 2019/20, que vai de outubro a setembro, ante um superávit de 400 mil toneladas em 2018/19, informou nesta quarta-feira a consultoria F.O. Licht.
A consultoria afirmou que os preços do açúcar, que rondam mínimas de 10 anos, levarão agricultores de locais como a Tailândia a migrar para outras culturas na nova temporada. Ela também estimou que a produção brasileira do adoçante deve seguir baixa, com usinas favorecendo a produção de etanol, cujo retorno financeiro tem sido melhor.
A empresa europeia de análises estima que a produção mundial de açúcar em 2019/20 cairá em 1,2 milhão de toneladas, para 185,1 milhões de toneladas.
"Preços baixos e secas provavelmente reduzirão a produção na Índia e Tailândia", disse Stefan Uhlenbrock, analista sênior de commodities da Licht, durante apresentação em uma conferência do setor em São Paulo.
"A produção de açúcar no centro-sul do Brasil crescerá apenas modestamente, depois de ter colapsado em 2018/19", afirmou Uhlenbrock, em referência à temporada passada, quando as usinas cortaram a produção em quase 10 milhões de toneladas.
A Licht espera que a produção açucareira da Tailândia caia para 12,7 milhões de toneladas, ante 14,6 milhões de toneladas anteriormente. A consultoria também vê a produção da Índia em 29,4 milhões de toneladas em 2019/20, contra um recorde prévio de 33 milhões de toneladas.
Uhlenbrock não vê uma recuperação nos preços do açúcar em curto prazo, dizendo que os grandes estoques na Índia tendem a limitar qualquer movimento de alta.
A consultoria afirmou que o centro-sul do Brasil deve alocar, na nova temporada, apenas 37 por cento da cana para a produção de açúcar, ante uma mínima recorde de 35 por cento na última safra, conforme o etanol segue mais lucrativo.
"Os preços terão de ultrapassar 13 centavos de dólar por libra-peso em Nova York para que as usinas do Brasil produzam mais açúcar", disse Uhlenbrock.
Nesta quarta-feira, os contratos futuros do açúcar bruto em Nova York recuaram 2,5 por cento, para 11,65 centavos de dólar por libra-peso.
(Reportagem de Marcelo Teixeira)