Investing.com - O apetite do investidor em Nova York com as ações das empresas brasileiras apresenta uma recuperação mais lenta desde o tombo no mercado em 2016 frente ao traders locais. Levantamento realizado pela Economatica mostra que a disposição dos negociantes na Bovespa avançou em um ritmo mais acelerado e fez a razão entre as ADRs e o mercado local cair ao menor valor em quase 20 anos.
As ADRs brasileiras negociadas na bolsa de NY alcança um volume médio de US$ 1,36 bilhão, enquanto a Bovespa movimentou diariamente US$ 2,96 bilhões entre janeiro e 26 de julho. A relação de 45,9% é a menor desde 1999, quando o volume de ADRs brasileiras ainda era incipiente na principal bolsa global.
O momento atual mostra que o apetite dos investidores em São Paulo avançou mais rapidamente do que em NY desde o tombo na Bovespa em 2015-2016, em meio à crise política que culminou com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a ascensão do PMDB de Michel Temer ao comando do Executivo.
A bolsa brasileira refletiu as incertezas na política e tocou a mínima de 37 mil pontos em janeiro, menor valor desde os desdobramentos da crise global financeira global que estourou em 2018.
A disparada do dólar, que superou os R$ 4 durante a crise também contribuiu para a redução do volume local, que tocou a mínima diária de US$ 1,849 bilhão em 2015. Esse ano foi o 5º consecutivo de declínio desde o auge em 2011 de US$ 3,397 bilhões.
Já as ADRs seguiram o movimento local, mas o investidor em NY seguiu menos otimista e marcou a mínima de US$ 1,038 bilhão em 2016, quando o mercado brasileiro já recuperava.
Desde então, o volume da Bovespa mostrou uma forte recuperação, passando de US$ 1,849 bilhão em 2015, para US$ 1,897 bi, US$ 2,413 bi e US$ 2,962 bi, respectivamente em 2016, 2017 e 2018. Na ordem, o aumento foi de 2,6%, 30,5% e 60,2% frente ao fundo de 2015.
Em NY, a retomada tem sido mais contida com apenas US$ 1,361 bilhão neste ano, alta de 30% frente ao fundo de US$ 1,038 bi de 2016. No ano passado, o volume médio diário somou US$ 1,182 bi.
Recorde das ADRs antes da crise global
A euforia dos mercados globais e o grande apetite por risco antes da crise global no final de 2008 fez com que as ADRs brasileiras tivesse o pico histórico volume diário de US$ 3,55 bilhões.
Já o melhor momento local ocorreu em 2011 com volume diário de US$ 3,07 bilhões, em meio ao bom humor do investidor com o Brasil, os juros baixos e o crescimento zero nas principais economias do mundo e os programas de quantative easing que despejaram trilhões de dólares em liquidez global
Durante quatro anos o volume financeiro médio diário anual dos ADRs foi superior ao da bolsa local, com destaque para o período entre 2006 e 2009. Em 2008, as ADRs representaram 128,1% do volume da bolsa local.
Mais negociados
De acordo com a Economatica, o ADR brasileiro mais negociado na bolsa de Nova York é o da Vale (NYSE:VALE). Entre os anos de 2011 e 2018, o ADR sempre movimentou mais que o volume negociado no Brasil.
Neste ano, o ADR movimenta US$ 307,5 milhões em média por dia enquanto o papel no Brasil registra US$ 233,7 milhões, uma razão de 1,32x mais de negócios em NY do que em São Paulo.
O segundo ADR mais negociado é o da Petrobras ON (NYSE:PBR) e a relação com o papel local é de 3,88 vezes. Dos 10 ADRs mais negociados, quatro têm volume superior ao mercado local e são a Vale ON, Petrobras ON, Ambev (NYSE:ABEV) e Embraer (NYSE:ERJ).
ADRs
A Economatica monitora os 824 ADR´s negociados nos Estados Unidos, de diversos países do mundo. Atualmente o maior número de ADR’s listados em Nova York é de empresas do Canadá com 155 papéis, seguidos pela China com 138 papéis e na terceira posição está Israel com 79 empresas.
Atualmente 29 ADRs brasileiros são negociados na bolsa americana, ficando na sexta posição. Considerando empresas do Brasil, Chile, Argentina e México, são ao todo 89 empresas latinas com ADRs em Nova York.