Ouro supera US$2000 com maior aversão ao risco, após colapso do Credit Suisse

© Reuters

Por Geoffrey Smith 

Investing.com – Os preços do ouro superaram a marca de US$ 2000 pela primeira vez em 11 meses nesta segunda-feira, 20, diante de temores de que o colapso do Credit Suisse (SIX:CSGN) pudesse gerar uma instabilidade financeira maior, levando os investidores a recorrer a ativos de segurança

Os contratos futuros do ouro negociados na Europa chegaram a atingir US$ 2.014,90 por onça-troy, antes de recuarem para US$ 1.979,75, às 9h50 de Brasília, uma alta de 0,32%.

Os ativos de segurança, como o ouro, registraram um forte desempenho nas últimas três semanas, quando vieram a público os graves problemas enfrentados por três bancos de médio porte dos EUA e pelo Credit Suisse, instituição considerada pelos órgãos reguladores como sistematicamente importante. O Credit Suisse é de longe o maior banco a sofrer um colapso na última década.

A maior instabilidade financeira tem convencido um número crescente de investidores de que os bancos centrais terão que interromper seus aumentos de juros, sob pena de gerar uma crise mais ampla no setor financeiro. Isso acabou provocando uma profunda queda nos rendimentos dos títulos públicos, elevando a atratividade do ouro, que não rende juros.

Os rendimentos dos títulos de dois anos, que costumam ser mais sensíveis a variações nas expectativas de juros, estenderam sua forte queda pela manhã na Europa. Os títulos referenciais de dois anos do Tesouro americano, que recuavam no início da janela europeia de negociações, registravam uma alta de 0,24% às 9h50 de Brasília. Já os juros pagos pelos títulos de dois anos da Alemanha tinham forte queda de 4,42%, estendendo a perda acumulada desde que os bancos dos EUA e da Europa ganharam o centro das atenções.

Analistas do ANZ disseram, na segunda-feira, que é possível que o ouro consiga defender o atual nível até o fim do ano, diante da desaceleração da economia mundial, da queda dos juros e do maior apetite dos investidores por ativos de segurança.

Eles ressaltaram, no entanto, que a recalibragem das expectativas dos mercados em torno dos juros básicos nos EUA poderia provocar volatilidade nos preços do metal. Segundo eles, quaisquer recuos abaixo do patamar de US$ 1.800 devem ter vida curta, na medida em que devem estimular compras oportunísticas.