SÃO PAULO (Reuters) -O Brasil havia semeado 30% da área estimada para a safra de soja 2023/24 até a última quinta-feira (19), avanço de 13 pontos percentuais em relação à semana anterior, com produtores tomando riscos em Mato Grosso em meio ao clima irregular, avaliou nesta segunda-feira a consultoria AgRural.
Ainda assim, o plantio nacional está atrasado na comparação com os 34% no mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento da AgRural.
"Pela primeira vez nesta temporada, Mato Grosso tomou a dianteira entre os Estados, passando o Paraná. O forte avanço da semeadura mato-grossense, porém, foi feito diante de um aumento do risco trazido pela combinação de calor muito intenso e chuvas ainda irregulares", disse a AgRural.
Para a consultoria, é fundamental que as chuvas previstas para esta semana se confirmem no Estado, onde os casos de necessidade de replantio têm aumentado, "ainda que até o momento possam ser considerados isolados".
A partir de quarta-feira, a expectativa é de que chuvas ocorram de forma mais ampla no país após elevado calor e tempo seco em várias áreas, com as precipitações de primavera finalmente se consolidando nas áreas produtoras após um atraso, disse a Rural Clima, em boletim nesta segunda-feira.
De acordo com o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos, ao longo da semana uma frente fria avança pelo Sul e deixa um corredor de umidade entre quarta e quinta-feira na região central.
"Devemos ver chuvas bastante generalizadas em toda a faixa central do Brasil, portanto esta semana as previsões são de retorno das chuvas em grande parte das áreas produtoras", disse ele, citando o Sudeste e o Centro-Oeste.
Santos afirmou que no próximo sábado uma nova frente fria avança e trará excesso de chuvas para o Sul e novamente para o Mato Grosso.
"A tendência daqui para a frente é a regularização das chuvas em todo o Brasil", reforçou Santos.
Na semana passada, a irregularidade das chuvas também tornou o avanço do plantio mais lento em outros Estados do Centro-Oeste, Sudeste e Norte/Nordeste, mas em nenhum deles o senso de urgência de precipitações mais consistentes é tão marcado como em Mato Grosso, disse a AgRural em nota.
"No Sul do país, o plantio caminha sem grandes percalços no Paraná, mas as chuvas constantes da semana passada causaram contratempos em algumas áreas. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, que têm calendário mais tardio, os trabalhos ainda são muito incipientes e têm ritmo lento devido ao excesso de umidade."
Ainda de acordo com a AgRural, o plantio do milho verão 2023/24 havia alcançado até quinta-feira 46% da área estimada para o centro-sul do Brasil, contra 41% uma semana antes e 51% no mesmo período do ano passado.
"Os trabalhos estão na reta final no Paraná e em Santa Catarina, mas o atraso persiste no Rio Grande do Sul devido ao excesso de chuva."
(Por Gabriel Araujo e Roberto Samora)