Bruxelas, 20 fev (EFE).- O ministro de Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, disse nesta sexta-feira que o acordo alcançado com o Eurogrupo para garantir a assistência financeira permitirá ao país decidir suas reformas a partir de agora.
"Deixamos para trás o tempo em que a Grécia era tratada como uma estrangeira. A partir de hoje seremos co-autores de nosso futuro, a partir de hoje seremos nós que decidiremos as reformas", assinalou Varoufakis ao término da reunião com os outros 18 ministros dos países da zona do euro.
"Combinamos duas coisas que parecem contraditórias, lógica e ideologicamente, em relação às normas e à democracia", acrescentou, e alertou que "as eleições pode mudar algo".
Varoufakis disse que seu país mostrou que "estava comprometido a conseguir um acordo mutuamente beneficente", e assinalou que a Grécia usará as reformas para combater os fatores que prejudicam a economia grega e para restabelecer a independência nacional do país.
A segunda grande conquista das negociações de hoje é a Grécia ter conseguido evitar "uma sequência de muitos anos de superávits primários sufocantes que não teríamos podido manter".
Segundo o titular grego, manter este ano um alvo de superávit primário de 3% do PIB e os alvos para próximos anos eram "exorbitantes", mas o país conseguiu incluir uma referência de que estas metas devem ser "apropriadas".
"Agora os superávits serão determinados pelas circunstâncias econômicas", assegurou Varoufakis, que também indicou que com este acordo também evitaram ter de tomar novas medidas que provocariam recessão, como o aumento do IVA.
Ele reconheceu que seu país se comprometeu a não tomar medidas unilaterais que possam ter um impacto negativo nos objetivos fiscais, na recuperação econômica ou na estabilidade financeira, mas antecipou que o governo grego está comprometido a aumentar o salário mínimo porque considera que ele não tem nenhum impacto fiscal.
Perguntado sobre as reservas que Espanha e Portugal teriam manifestado sobre o acordo, Varoufakis disse acreditar que esses países têm uma motivação política, mas evitou entrar em detalhes por querer manter uma relação excelente com eles.
"Há algo chamado bons gestos, Espanha e Portugal são meus parceiros, têm sua prerrogativas políticas próprias e está claro que suas reservas estavam motivadas por essas prerrogativas e eu respeito", explicou.
O ministro admitiu também que com este pacto estabeleceu a base para um acordo, mas não solucionamos o problema da lacuna fiscal.
"Não disse que tenhamos resolvido tudo. Primeiro precisamos estabilizar a situação e depois quando fizermos isto começarão as conversas sérias sobre a maneira de combater essa brecha fiscal", disse.
"Nos próximos meses teremos não só estabilidade, mas tornaremos a questão grega muito menos sexy para jornalistas como vocês", acrescentou.