Por Natalia Zinets e Francesco Guarascio
KIEV/BRUXELAS (Reuters) - As forças russas batalharam, nesta quarta-feira, pelo controle do último bastião da cidade sitiada de Mariupol, na Ucrânia, segundo autoridades ucranianas, e a União Europeia propôs novas sanções contra Moscou que incluem um embargo gradual ao petróleo da Rússia.
Autoridades de Mariupol dizem que cerca de 200 civis, e também soldados ucranianos, ainda estão presos em uma grande rede de abrigos subterrâneos na siderúrgica de Azovstal, alvo de repetidos bombardeios das tropas russas.
Civis que foram retirados esta semana sob um acordo liderado pela ONU expressaram temor pelos que ainda estão presos no local.
“Deus me livre que mais bombas caíam próximas aos abrigos onde os civis estão”, disse Tetyana Trotsak, que estava entre dezenas de ucranianos que chegaram à cidade de Zaporizhzhia, controlada pela Ucrânia, na última terça-feira.
Após não conseguir tomar a capital Kiev nas primeiras semanas de um ataque que matou milhares de pessoas e destruiu cidades, a Rússia acelerou investidas nas regiões sul e leste da Ucrânia, onde a cidade portuária de Mariupol, no Mar de Azov, é o principal objetivo.
A Rússia declarou vitória em Mariupol em 21 de abril, após semanas de estado de sítio e bombardeios. A cidade é chave para as tentativas de Moscou de bloquear o acesso da Ucrânia ao Mar Negro --vital para exportações de grãos e metais-- e conectar territórios controlados por russos no sul e no leste da Ucrânia.
O Exército russo disse que pausaria sua atividade militar em Azovstal no período diurno da quinta-feira e nos próximos dois dias para permitir a retirada de civis.
“PUTIN PRECISA PAGAR”
Aumentando a pressão sobre a já combalida economia da Rússia, a UE propôs reduzir gradualmente as importações de petróleo e produtos refinados russos nos próximos seis meses, até o fim do ano.
“Putin precisa pagar um preço, um alto preço, pela sua brutal agressão”, disse a líder da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a parlamentares da UE em Estrasburgo, citando o presidente russo, Vladimir Putin.
O plano, se for concordado por todos os 27 governos da UE, se juntaria a embargos dos EUA e do Reino Unido e seria um divisor de águas ao maior bloco comercial do mundo, que ainda é dependente da energia russa e precisaria encontrar fornecimentos alternativos.
O Kremlin disse que a Rússia estava ponderando várias respostas ao plano da UE, acrescentando que as medidas seriam custosas aos cidadãos europeus.
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, renovou o alerta de que Moscou buscaria atingir envios de armas dos EUA e da Otan à Ucrânia.
(Reportagem adicional de Pavel Polityuk e Tom Balmforth em Kiev, e Alessandra Prentice, em Zaporizhzhia)