Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A falta de chuvas em diversas regiões do Brasil reduziu o potencial produtivo da safra de soja 2020/21, embora o maior produtor e exportador global da commodity ainda caminhe para colher um recorde de 131,79 milhões de toneladas, conforme pesquisa realizada pela Reuters.
De acordo com avaliações de 13 analistas, a projeção para a colheita recuou ante a média de 132,25 milhões de toneladas apontada no levantamento divulgado em outubro, devido às possíveis perdas de produtividade.
A área plantada, no entanto, pode poderá crescer para 38,43 milhões de hectares, considerando o alto patamar de preços da oleaginosa. Na comparação com a última sondagem da Reuters, a estimativa de plantio avançou 320 mil hectares.
Com reavaliações para cima e para baixo nas projeções dos analistas consultados, a nova estimativa de produção ainda representa uma máxima histórica, principalmente, caso as chuvas previstas para dezembro se confirmem (veja tabela abaixo).
"Houve atraso no plantio, mas nesse momento temos cerca de 88% da área plantada no Brasil... o Sul ficou mais seco, mas devem vir novas chuvas que vão possibilitar um salto. O atraso... não vai atrapalhar nem a entrega dos contratos feitos (antecipadamente)", disse o coordenador de Grãos da Datagro, Flávio Roberto de França Júnior.
A Datagro é uma das consultorias que aposta em uma projeção mais otimista para a produção, considerando aumento de área, preços médios acima do padrão e lucratividade bruta positiva.
Por outro lado, parte do mercado acredita que a produção de soja pode estar "mais para 130 milhões de toneladas do que para 135 milhões de toneladas", como prevê a estatal Conab, afirmou a AgRural.
"Estamos preocupados com várias áreas em alguns Estados, especialmente de Mato Grosso e do Paraná, ainda mais depois do tempo mais seco registrado da semana passada para cá... Mas esta ainda é uma safra completamente em aberto, até porque foi plantada mais tarde que o normal, o que joga o período decisivo de definição da produtividade um pouco mais para frente também", explicou a analista da AgRural Daniele Siqueira.
Segundo ela, as condições climáticas entre dezembro e janeiro são cruciais para o desempenho final da cultura no Brasil.
CLIMA
O meteorologista da Somar Celso Oliveira disse que à medida que o verão se aproxima a chuva se intensifica e deve se espalhar mais pelo Brasil. Então, dezembro será o mês mais chuvoso desde a instalação da soja.
"Mas o que foi instalado mais precocemente e com variedade com ciclo mais curto perdeu o potencial produtivo sem volta. Já as áreas instaladas entre o fim de outubro e novembro ainda têm condições de produzir bem", estimou.
O agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos, acrescentou que como grande parte da soja está agora entrando em fase de florescimento e enchimento de grãos, essas chuvas previstas para os próximos 30 dias poderão, sim, ajudar muito no desenvolvimento da planta, recuperando partes das perdas.