SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de trigo no Paraná, maior produtor do cereal do Brasil, está atrasado devido ao tempo seco que atinge o Estado, onde agricultores também estão preocupados com a falta de umidade para o desenvolvimento da segunda safra de milho, de acordo com informações do Departamento de Economia Rural (Deral).
"Os produtores de trigo estão sofrendo com o clima seco, esperando a chuva, tem apenas 1 por cento plantado. Na média das últimas três safras, já teria 7 por cento da área plantada nesta época. Não impacta ainda (a produção), mas é questão que o produtor vai ficar atento", declarou o economista Marcelo Garrido, do Deral, órgão da Secretaria de Agricultura do Estado.
Segundo ele, a meteorologia indica chuvas mais volumosas somente a partir de 5 de maio. "Então ainda ficaria cerca de dez dias esse tempo seco", comentou Garrido, dizendo que a secura não causa perdas por ora.
A produção de trigo do Paraná, que colhe em geral mais da metade da safra do cereal do Brasil, está estimada em aproximadamente 3,3 milhões de toneladas, alta de 48 por cento na comparação com o ano passado.
Esse aumento se dá sobre uma safra do ano passado atingida por diversos problemas climáticos. Além disso, a área plantada neste ano deverá crescer 7 por cento, devido preços 26 por cento mais altos no Estado, disse Garrido.
Alguns agricultores que plantariam milho perderam a janela de plantio por conta do atraso na colheita de soja e resolveram se dedicar ao trigo neste ano, segundo o economista do Deral.
A segunda safra de milho do Paraná foi estimada em 12,2 milhões de toneladas, queda de 8 por cento na comparação anual, devido a uma redução de área.
"Cerca de 41 por cento da área de milho (segunda safra) está em fase mais suscetível..., em que a cultura demanda mais umidade. Como tem mais umidade prevista, a partir do dia 5, produtores ficam de sobreaviso. Se chover, acredito que não tenha problema mais grave", afirmou ele, ressaltando que perdas poderiam ocorrer se as chuvas previstas não se concretizarem.
O Paraná é o segundo produtor nacional de milho, atrás do Mato Grosso.
O Deral também atualizou seus números da safra de verão, estimando a produção de soja em mais de 19 milhões de toneladas, queda de 4 por cento ante a temporada passada, e a colheita de milho verão em 2,8 milhões de toneladas, redução de 43 por cento, por problemas climáticos e redução de área.
Na comparação com o levantamento do mês passado, houve pouca alteração nos números da safra de verão, segundo Garrido.
(Por Roberto Samora)