SÃO PAULO (Reuters) - O setor de açúcar do Brasil, o maior exportador global do adoçante, está na expectativa por uma reunião ainda neste ano com autoridades chinesas para discutir as “salvaguardas” impostas por Pequim às importações da commodity, sem necessidade de abertura de painel na Organização Mundial do Comércio (OMC), disse um dirigente nesta segunda-feira.
O Brasil lançou no último dia 22 uma denúncia contra a China na OMC para contestar as restrições chinesas às importações de açúcar. O gigante asiático tem 60 dias para tentar resolver o caso via negociações e, caso não o faça, o Brasil poderá lançar mão de um painel na entidade global.
Isso, contudo, não é o desfecho que o setor brasileiro tem em mente, afirmou o diretor-executivo da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Eduardo Leão de Sousa.
"Estamos no aguardo de o governo chinês propor uma reunião de consulta ainda neste ano... Temos a perspectiva de que teremos uma negociação favorável, até porque temos argumentos muito fortes contra as ‘salvaguardas’", destacou ele a jornalistas no intervalo de conferência sobre o setor de açúcar e etanol em São Paulo.
Quando recorreu à OMC, o Brasil disse estar questionando a medida de "salvaguarda" da China sobre o açúcar importado, a administração de sua cota tarifária e seu sistema de "licenciamento automático de importação" para o açúcar extra-cota.
O recurso à OMC foi uma resposta à queda nas exportações brasileiras de açúcar desde que a China impôs uma tarifa adicional de 45 por cento no nao passado. A tarifa foi reduzida para 40 por cento em maio e será cortada para 35 por cento em maio de 2019.
Leão de Sousa afirmou ainda que na próxima semana haverá uma reunião em Bangcoc para se discutir as mudanças no setor de açúcar da Tailândia, que também foi alvo de questionamentos pelo Brasil. Em paralelo, o executivo disse que já estão sendo levantados dados para se contestar os subsídios ao segmento produtor do adoçante na Índia.
(Por José Roberto Gomes)