WASHINGTON (Reuters) - O fim do prazo para isenções de tarifas de importação de aço e alumínio dos Estados Unidos se aproximava nesta segunda-feira sem uma definição sobre quais países serão liberados das sobretaxas sobre aço e alumínio criadas pelo governo de Donald Trump.
O presidente norte-americano impôs tarifas de 25 por cento sobre aço e de 10 por cento sobre alumínio em março, concedendo cerca de um mês sem incidência da medida para Canadá, México, Brasil, União Europeia, Austrália e Argentina, que tentariam negociar isenções permanentes com Washington, assim como concedeu para a Coreia do Sul.
As isenções temporárias expiram na terça-feira, a menos que Trump as prorrogue. Caso contrário, as tarifas passam a incidir sobre os produtos que chegam aos EUA.
"O presidente ainda não tomou qualquer decisão", disse o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, à Fox Business Network, em entrevista nesta segunda-feira.
Os comentários dele vão contra, de certa forma, declarações do secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, que afirmou à Bloomberg News no domingo que a Casa Branca continuará concedendo isenções das tarifas a alguns países. Ele não disse quais.
No Brasil, uma fonte do governo com conhecimento das discussões afirmou nesta segunda-feira que a "expectativa é de atendimento em parte (do pedido do Brasil de isenção), mas não dá para cravar porque estamos aguardando a divulgação dos Estados Unidos".
O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA. Na terça-feira passada, o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, afirmou que uma comitiva brasileira se reuniria com representantes do departamento de Comércio dos EUA nesta semana para tentar prorrogar a isenção temporária de produtos brasileiros das tarifas norte-americanas.
O premiê canadense, Justin Trudeau, afirmou nesta segunda-feira que qualquer decisão dos EUA de impor tarifas sobre aço e alumínio canadense seria "uma ideia muito ruim" e que isso iria interromper o comércio entre os dois países.
O Canadá é o maior exportador de aço para os EUA, com uma indústria siderúrgica altamente integrada com a do país vizinho.
Representantes do governo Trump afirmaram anteriormente que os países exportadores de aço e alumínio para os EUA deveriam concordar com quotas para proteger os produtores norte-americanos. A isenção permanente já concedida à Coreia do Sul foi feita depois que Seul concordou cortar seus embarques para os EUA em cerca de 30 por cento.
Trump invocou uma lei de 1962 para alegar que as tarifas sobre aço e alumínio são questão de segurança nacional, apesar do excesso de oferta mundial.
A comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmstrom, previa discutir com Ross nesta segunda-feira, em uma última tentativa do bloco europeu. Ela insiste em isenção permanente para o bloco de 28 países sem imposição de condições.
"A única coisa que posso dizer hoje é que somos pacientes, mas também estamos preparados", disse o porta-voz da UE, Margaritis Schinas, nesta segunda-feira.
Se a UE for alvo de tarifas dos EUA sobre suas exportações anuais de 6,4 bilhões de euros em metais, o bloco afirma que vai criar suas próprias tarifas sobre exportações de 2,8 bilhões de euros em produtos dos EUA que vão desde maquiagem a motocicletas.
(Por Makini Brice; Reportagem adicional de Susan Heavey, David Lawder em Washington, Phil Blenkinsop em Bruxelas, David Ljunggren em Ottawa e Marcela Ayres em Brasília)