Trump quadruplica cota tarifária da carne bovina argentina e irrita pecuaristas dos EUA

Publicado 23.10.2025, 11:33
Atualizado 23.10.2025, 15:07
© Reuters.

Por Jeff Mason e Tom Polansek e Leah Douglas

WASHINGTON (Reuters) - O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está quadruplicando as importações de carne bovina argentina com tarifas baixas, em sua tentativa de reduzir os preços do produto nos supermercados, disse uma autoridade da Casa Branca na quinta-feira, provocando a fúria dos pecuaristas do país.

O aumento da cota tarifária sobre a carne bovina argentina para 80.000 toneladas métricas permitirá que o país envie mais carne bovina para os EUA com uma taxa de imposto mais baixa.

Os preços da carne bovina nos EUA bateram recordes devido à oferta restrita de gado e à forte demanda dos consumidores.

Na quarta-feira, o Departamento de Agricultura dos EUA anunciou um plano para expandir o rebanho bovino nacional e apoiar os pecuaristas americanos. A secretária de Agricultura, Brooke Rollins, no programa "Mornings with Maria" da Fox Business Network, disse que o governo estava trabalhando para apoiar tanto os consumidores de carne bovina quanto os pecuaristas.

Mas o aumento das importações irritou os pecuaristas dos EUA, que apoiaram Trump em grande parte de suas campanhas para presidente. Eles disseram que o governo deveria apoiar os produtores dos EUA e que o aumento das importações ameaça seus meios de subsistência.

Os fazendeiros também ficaram irritados com um "swap" cambial de US$20 bilhões feito por Trump com a Argentina, enquanto eles perdiam para a nação sul-americana nas vendas de soja para a China.

"Um acordo dessa magnitude com a Argentina prejudicaria a própria base de nosso setor pecuário", disse Justin Tupper, produtor de gado de Dakota do Sul e presidente da associação dos pecuaristas dos EUA.

Rollins disse à Fox Business: "Há frustração de ambos os lados. Estive com o presidente ontem e ele está muito, muito frustrado por causa (de) tudo o que ele fez para cortar impostos e reduzir custos."

Os economistas disseram que a abordagem do governo provavelmente não faria muito para baixar os preços rapidamente. Os suprimentos de gado dos EUA caíram para seus níveis mais baixos em décadas depois que uma seca queimou as terras de pastagem usadas para pastoreio e aumentou os custos de alimentação, forçando os fazendeiros a reduzir seus rebanhos.

CARNE BOVINA DESTINADA A HAMBÚRGUERES

Os EUA importaram cerca de 33.000 toneladas métricas de carne bovina argentina em 2024, representando 2% do total das importações, de acordo com dados do governo.

Essas importações tendem a ser de carne bovina magra que é misturada com suprimentos domésticos para fazer carne de hambúrguer, e o aumento da cota provavelmente não reduziria muito os preços ao consumidor, disseram os analistas dos EUA.

Parte da carne bovina poderia ser servida em restaurantes ou misturada a outros produtos alimentícios, o que poderia ajudar os operadores de restaurantes e as empresas de alimentos a melhorar suas margens, disseram os analistas.

Miguel Schiariti, presidente da Câmara da Indústria de Carnes da Argentina, CICCRA, disse à Reuters que as exportações de carne para os EUA consistem nos cortes tradicionais de carne bovina do país e na carne usada na indústria de hambúrgueres para reduzir os níveis de gordura.

"É uma boa notícia para o setor", disse Schiariti. "A carne bovina argentina é muito valorizada nos Estados Unidos... A Argentina está reconstruindo sua cadeia de distribuição nos Estados Unidos."

LEGISLADORES PREOCUPADOS

O líder da maioria no Senado, o republicano John Thune, de Dakota do Sul, disse a repórteres na quinta-feira que estava preocupado com a política da Casa Branca sobre a carne bovina argentina e espera influenciar sua implementação.

"Estamos atentos a isso e temos entrado em contato com a Casa Branca, o Departamento de Agricultura e o representante comercial dos EUA sobre todas essas questões, tentando descobrir para onde elas estão indo", disse Thune.

O deputado republicano Adrian Smith, de Nebraska, um importante Estado produtor de gado, disse em uma declaração na quarta-feira que também estava preocupado com as importações.

"Políticas e declarações que influenciam indevidamente e prejudicam o mercado doméstico de gado ameaçam nossa segurança alimentar doméstica e não são úteis", disse Smith.

A porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, disse que Trump se comprometeu a proteger os pecuaristas e proporcionar alívio econômico para os americanos comuns.

(Com reportagem adicional de Maximilian Heath em Buenos Aires)

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