RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - Com forte retração nos investimentos produtivos e na indústria, a economia brasileira encolheu 0,6 por cento no segundo trimestre de 2014 sobre os três meses anteriores, levando o país a entrar em recessão técnica pela primeira vez em cinco anos.
Em relação ao segundo trimestre de 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) do país teve retração de 0,9 por cento, mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
O instituto também revisou o resultado do primeiro trimestre deste ano sobre o quarto trimestre de 2013 para mostrar contração de 0,2 por cento, contra avanço de 0,2 por cento divulgado anteriormente.
Os resultados no trimestre encerrado em junho vieram piores do que o esperado por economistas em pesquisa Reuters. A mediana das projeções apontava para retração de 0,4 por cento do PIB sobre o primeiro trimestre e de 0,6 por cento na comparação anual.[nL1N0QW0EX]
O Brasil não entrava em recessão técnica, quando há dois trimestres seguidos de contração, desde a crise financeira global de 2008/2009.
Os dados divulgados nesta manhã pelo IBGE reforçam o pior momento econômico vivido pelo Brasil dentro da gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição nas eleições de outubro.
Segundo o IBGE, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimentos, recuou 5,3 por cento no trimestre passado sobre o período imediatamente anterior. Foi o pior resultado desde 2009 e marcou o quarto trimestre seguido de retração.
Na comparação com o mesmo período de 2013, a FBCF de abril a junho teve queda 11,20 por cento.
A taxa de investimento no país como proporção do PIB ficou em 16,5 por cento no segundo trimestre, o pior resultado para esse período desde 2006, quando tinha ficado em 16,4 por cento.
O resultado da indústria também foi negativo no trimestre passado, com retração de 1,50 por cento sobre o período anterior e de 3,4 por cento contra um ano antes, segundo o IBGE.
Um dos fatores que pesaram na economia no segundo trimestre foi a realização da Copa do Mundo, devido ao menor número de dias úteis em razão de feriados, como lembrou na véspera o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega.[nE6N0Q609S]
O IBGE também informou que o consumo do governo recuou 0,7 por cento no segundo trimestre sobre o primeiro, enquanto que o consumo das famílias cresceu 0,3 por cento na mesma base de comparação.
A agropecuária teve expansão de 0,2 por cento no segundo trimestre sobre janeiro a março e ficou estável em relação a igual período de 2013.
(Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte; Reportagem adicional de Felipe Pontes, no Rio de Janeiro)