Por Karolos Grohmann
TÓQUIO (Reuters) - Esqueça as grandes coreografias, os imensos adereços e a abundância de dançarinos, atores e luzes associados às cerimônias de abertura dos Jogos Olímpicos, a grande abertura de Tóquio na sexta-feira não terá nada desse esplendor e grandiosidade.
Ao contrário, será uma apresentação reduzida e "sóbria", afirmou em entrevista à Reuters o veterano produtor executivo de cerimônias de abertura, e agora conselheiro sênior dos produtores executivos das cerimônias de Tóquio, Marco Balich.
"Será uma cerimônia muito mais sóbria. Mesmo assim, com uma bela estética japonesa. Muito japonesa, mas também em sincronia com o sentimento de hoje, a realidade", disse Balich.
"Temos que fazer o nosso melhor para completar esta Olimpíada que espero que seja a única desse tipo."
Casos de Covid-19 em crescimento em Tóquio geraram uma grande sombra ao evento que, adiado ano passado por causa da pandemia, será realizado sem público.
O Japão este mês decidiu que as competições serão realizadas em arenas e estádios vazios para minimizar os riscos de saúde.
Até agora, houve mais de 70 casos de infecções por Covid-19 no Japão entre os credenciados para os Jogos, desde 1º de julho, quando muitos atletas e autoridades começaram a chegar.
Isso também afetou a cerimônia de abertura porque muitos chegarão pouco antes de suas competições e irão embora pouco depois para evitar contatos o máximo possível.
ASSENTOS VAZIOS
Em vez de 10.000 atletas marchando em um estádio lotado, como sempre, o desfile das equipes será menor, em um estádio Olímpico de Tóquio praticamente vazio, exceto por algumas centenas de autoridades, e com rígidas regras de distanciamento social.
"Haverá centenas de fiscais orientando os atletas no desfile. A cerimônia de abertura, de certa maneira, será única e focará apenas nos atletas", disse Balich.
"Isso (a pandemia) certamente tem consequências. Grandes coreografias não acontecerão, obviamente, por causa da Covid-19", afirmou.
"Os números no Rio foram 12.600 atletas e autoridades no desfile. Temo que será menor desta vez. Isso já dá uma distância séria entre os atletas no estádio", disse Balich, que também produziu a cerimônia da Rio 2016 e dos Jogos Olímpicos de Inverno em Turim, entre outras.
"A equipe japonesa tem que lutar entre promover a sua estética e combinar os medos e preocupações associados aos Jogos Olímpicos, com as infecções e a doença."
Há uma preocupação generalizada entre o público sobre o quanto é seguro realizar um espetáculo esportivo global durante a pandemia e muitos japoneses temem que a Olimpíada possa se tornar um evento super-disseminador do vírus.
"Acho que o grande feito da equipe criativa desta cerimônia é que eles conseguiram aceitar que haverá assentos vazios e ainda manter o foco nos atletas", disse Balich.
"Será muito significativo, longe da grandiosidade de cerimônias anteriores. O momento é agora. É um esforço bonito. Uma cerimônia muito verdadeira e honesta, nada falso."
"Sem fumaças e espelhos. Será sobre as coisas que estão realmente acontecendo hoje em dia", disse.