(Reuters) - O presidente Michel Temer afirmou nesta quinta-feira que autorizou mudanças na proposta de reforma da Previdência enviada pelo governo ao Congresso Nacional para que seja aprovada, desde que não mude a exigência de idade mínima.
Temer disse ainda, em entrevista à rádio Bandeirantes, que o governo está "trabalhando intensamente" para conseguir os 308 votos necessários para aprovar a reforma na Câmara dos Deputados.
"Você governa em um diálogo do Executivo com o Legislativo, e eu tenho ouvido muitos membros do Legislativo, e eles fazem ponderações do tipo aposentadoria do trabalhador rural, a questão dos deficientes, do beneficio de prestação continuada", afirmou o presidente.
"E eu acabei de autorizar o relator a fazer os acordos necessários nesse tópico desde que se mantenha a idade mínima, que é o que aconteceu em vários países", acrescentou, referindo-se ao deputado Arthur Maia (PPS-BA), relator da proposta na Casa.
Pesquisa feita pelo jornal O Estado de S. Paulo com deputados revelou na quarta-feira que a proposta do governo sobre a reforma da Previdência seria rejeitada por 242 parlamentares, mesmo com a opção de suavizar o texto. Para aprovar a reforma, o governo precisa de 308 votos favoráveis, de um total de 513 deputados.
O levantamento acabou estressando os mercados financeiros, com o dólar em alta frente ao real e a Bovespa em baixa, com investidores temerosos de que a reforma da Previdência possa não ser aprovada ou acabe sendo muito desfigurada pelos parlamentares. A matéria é considerada essencial, inclusive pela equipe econômica de Temer, para colocar as contas públicas do país em ordem.
Fontes do Palácio do Planalto disseram à Reuters, também na quarta-feira, que o governo reconheceu a dificuldade em aprovar a reforma na Câmara e, por isso, decidiu estender o prazo de negociação do relatório na comissão especial que trata do tema.
Na entrevista à rádio Bandeirantes, Temer disse ainda que o governo tem tido apoio fechado do Congresso "a todas as medidas" que têm sido propostas", e voltou a dizer que o Brasil está aos poucos recuperando a credibilidade dos investidores por meio das medidas de ajuste.
(Por Patrícia Duarte, em São Paulo)