Por Elaine Lies e Ju-min Park
TÓQUIO (Reuters) - O novo primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, convocou nesta segunda-feira uma eleição parlamentar para 31 de outubro e prometeu reforçar a resposta do país à pandemia do coronavírus, logo após ser eleito formalmente pelo Parlamento ao cargo.
Mais cedo, Kishida, ex-ministro das Relações Exteriores de 64 anos com uma imagem de formador de consensos, revelou um gabinete dominado por aliados do ex-premiê Shinzo Abe e do ex-ministro das Finanças Taro Aso.
Embora ele possa aproveitar o período de lua de mel que o eleitorado costuma conceder a novos governos, analistas políticos disseram que Kishida provavelmente não quer perder tempo por causa dos riscos da pandemia, e que deve primeiramente organizar sua legenda, o Partido Liberal Democrata (PLD), para as próximas eleições.
Sua decisão de convocar uma eleição foi uma surpresa, embora um pleito tivesse que ocorrer até 28 de novembro, já que o mandato dos atuais parlamentares expira em 21 de outubro. O Parlamento agora será dissolvido em 14 de outubro.
Kishida disse que vai considerar pagamentos de alívio à Covid-19, acrescentando que também instruiu os ministros que supervisionam a resposta à pandemia a propor políticas de vacinação, para fortalecer o sistema médico e expandir a testagem para ajudar a reabrir a economia.
"Muitas pessoas estão preocupadas que, embora a situação agora tenha melhorado, o número de infecções possa aumentar novamente e, se houver uma recuperação, se os hospitais serão capazes de lidar com isso", disse ele a repórteres.
Os casos novos de coronavírus em Tóquio chegaram a 87 nesta segunda-feira, o menor índice desde 2 de novembro do ano passado.
Yoshihide Suga, o antecessor de Kishida, tinha 70% de apoio pouco depois de tomar posse, um ano atrás, mas foi abalado por críticas à maneira como lidou com a pandemia. Após a decisão de Suga de deixar o posto e abrir caminho para um novo rosto, Kishida derrotou três candidatos à liderança do PLD na semana passada, preparando o terreno para o Parlamento elegê-lo oficialmente nesta segunda-feira.
Dos 20 nomes do novo gabinete de Kishida, 13 não têm experiência ministerial, o que se alinha à promessa do novo premiê de dar oportunidades a novas pessoas, mas muitos das funções mais importantes foram concedidas a aliados de Abe ou do ministro das Finanças Aso, que está deixando o cargo.
"Ele venceu a eleição com o apoio de Abe e Aso, então está na hora de ele devolver o favor, não é hora de romper com eles", disse o analista político Atsuo Ito.
(Por Antoni Slodkowski, Kiyoshi Takenaka, Ju-min Park, Elaine Lies, Sakura Murakami, Chang-ran Kim e Ritsuko Ando)