Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A MRV (SA:MRVE3), maior construtora de imóveis econômicos do país, teve lucro líquido de 131 milhões de reais no primeiro trimestre deste ano, superando em 2 por cento o desempenho de igual período de 2016, e se prepara para um novo recorde de lançamentos no segundo trimestre.
Segundo o copresidente da MRV, Rafael Menin, o resultado líquido teria sido maior não fosse pelo aumento de 41,5 por cento das despesas financeiras e gastos maiores com marketing. "Vamos reforçar a marca, mesmo que isso comprometa o balanço da companhia no curto prazo", disse o executivo.
De janeiro a março, as despesas gerais e administrativas subiram 7,6 por cento na comparação anual, para 71 milhões de reais, e as comerciais aumentaram 10,1 por cento na mesma base, para 128 milhões. As despesas financeiras cresceram para 27 milhões de reais.
A receita operacional líquida somou 1,007 bilhão de reais nos três primeiros meses, alta anual de 2,6 por cento, mas 5 por cento menor frente ao quarto trimestre.
Já a margem bruta subiu para 33,6 por cento ao fim de março, ante 32,9 por cento um ano atrás, devido à redução dos custos com aquisição de terrenos, materiais de construção e mão-de-obra.
A MRV apurou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 160 milhões de reais, estável frente ao quarto trimestre, mas 6 por cento acima do desempenho apurado entre janeiro e março de 2016.
A construtora tinha 2,9 bilhões de reais em caixa ao fim de março, 48,6 por cento mais que em igual período um ano antes. Enquanto isso, o endividamento somou 3,278 bilhões de reais, sendo 1,24 bilhão de reais com financiamento e construção e 2,038 bilhões de reais com dívida corporativa.
Em 17 de abril, a empresa já havia antecipado os dados operacionais de janeiro a março, com um nível recorde de lançamentos para o primeiro trimestre, alta de 15 por cento em vendas líquidas e queda de mais de 15 por cento em distratos ano a ano.
O copresidente da MRV reiterou que a meta traçada para o médio prazo é lançar e vender 60 mil unidades por ano. Em 2016, a construtora e suas filiadas lançaram 29.536 unidades.
Para 2017, Menin prevê aumento expressivo dos lançamentos devido à maturidade do estoque de terrenos (landbank), que somava 41,4 bilhões de reais ao fim de março, dos quais 2,5 bilhões de reais já tinham registro de incorporação emitido, o equivalente a 17 mil unidades.
"Com esse landbank que temos agora, o potencial de lançar mais que nos últimos anos é muito maior", afirmou o executivo, lembrando que a empresa aproveitou para construir os estoques num momento em que rivais estavam fora do mercado.
Segundo ele, a MRV deve continuar investindo na compra de terrenos, mesmo que a disputa com os concorrentes se acirre e não planeja se desfazer de áreas compradas. "A janela (de oportunidades) ainda permanece aberta nos próximos dois anos", disse.
Em 2017, a expectativa da MRV é desembolsar cerca de 400 milhões de reais para pagar áreas adquiridas no passado e comprar novos terrenos, mais que os 290 milhões de reais verificados em 2016.
Menin observou, ainda, que mudanças no mix de lançamentos, com foco maior em capitais que no interior, tende a contribuir para o aumento do preço médio por unidade lançada nos próximos meses.
Ainda de acordo com o executivo, a companhia deve gastar mais que os 190 milhões de reais do ano passado com projetos de infraestrutura.