Investing.com – Com expectativa de aumento de juros no Brasil na próxima semana, um ciclo alta poderia ajudar a ancorar as expectativas inflacionárias, além de reforçar a credibilidade da autoridade monetária e reduzir as taxas de juros de longo prazo. Neste cenário hipotético, haveria uma “alta bullish”. No entanto, para o Bank of America (NYSE:BAC) (BofA), “a história sugere que é mais fácil falar do que fazer”.
Em relatório divulgado a clientes e ao mercado nesta sexta-feira, 13 de setembro, o BofA questiona se existe algo como uma alta bullish, tendo em vista que as ações registraram performances mistas em momentos semelhantes, principalmente small caps, apontou o banco após análise de ciclos em período superior a vinte anos.
“Desde 2002, o Banco Central do Brasil começou a aumentar 8 vezes (6 vezes após um ciclo de flexibilização mais 2 vezes após alguns períodos de taxas mantidas). Nos 6 meses seguintes ao primeiro aumento, apenas 3 vezes em 8 as taxas nominais de longo prazo caíram (2004, 2010 e 2014) e apenas 3 vezes as expectativas de inflação diminuíram (2004, 2011, 2014)”, destacaram os estrategistas David Beker, Paula Soto, Mateus Conceição e Carlos Peyrelongue.
Os estrategistas demonstram preocupação com o ciclo de alta, ainda que considerem a melhoria na credibilidade do BC como bem-vinda. “As ações reagem à ponta longa da curva, que depende em grande parte do fiscal. Uma taxa Selic mais alta por mais tempo significa maior dívida em relação ao PIB e riscos de queda para o crescimento. As empresas enfrentarão maiores despesas financeiras, o volume de negociação de ações permanecerá pressionado e as saídas de fundos de ações podem continuar”, alertam os estrategistas.
Ainda assim, o banco pondera que os aumentos já estão precificados e os riscos são menores diante de um cenário internacional diferenciado, com cortes nos juros esperados em outros países – com destaque para os EUA, que tendem a reduzir as fed funds na próxima semana.
O BofA espera uma alta de 25 pb na Selic na próxima quarta, seguida de dois aumentos de 50 pb neste ano. Ainda, entende que o colegiado deve optar por uma alta 25 pb em janeiro de 2025, atingindo taxa terminal de 12% no primeiro mês do ano que vem. Após esse período, a expectativa é de que os cortes comecem em setembro de 2025.