Por James Oliphant
WASHINGTON (Reuters) - A avalanche de perguntas que desabou sobre Elizabeth Warren no debate de terça-feira ressaltou sua nova condição de favorita na corrida presidencial democrata dos Estados Unidos, mas também reforçou os temores dentro do partido a respeito das chances de a senadora progressista derrotar o presidente Donald Trump na eleição do ano que vem.
A senadora de Massachusetts foi confrontada diversas vezes por rivais democratas céticos com sua pauta de esquerda, que vai da taxação dos ricos a um sistema de saúde universal estatal potencialmente caro e ao ensino superior gratuito.
Moderados insinuaram que Warren pode não somente ser liberal demais para tirar a Casa Branca do republicano Trump na eleição de novembro de 2020, mas que seu ímpeto por mudanças rápidas poderia causar outra divisão amarga no país após a presidência já polarizadora de Trump.
A ascensão recente de Warren nas pesquisas de opinião --agora ela é considerada a favorita à indicação, ao lado do ex-vice-presidente Joe Biden-- a transformou no alvo preferencial do debate, em que moderados como Biden, a senadora Amy Klobuchar e Pete Buttigieg, prefeito de South Bend, em Indiana, lideraram o ataque.
Em uma entrevista concedida à Reuters após o debate, Klobuchar, parlamentar de Minnesota que compete com Biden e Buttigieg pelos eleitores do Meio-Oeste dos EUA, disse que Warren precisa explicar como financiará suas propostas abrangentes.
"Só acho que tenho uma maneira melhor, e acho que também é importante ela continuar não nos dizendo como pagará por elas", disse Klobuchar. "E, como eu disse, alguém receberá essa fatura, e ela precisa nos dizer quem é".
O debate sublinhou o cisma profundo que persiste entre os liberais e os moderados do partido, além das dúvidas recorrentes sobre a elegibilidade de Warren, apesar de ela continuar subindo na maioria das pesquisas nacionais.
Biden, que se apresenta como a melhor alternativa de centro a Warren, chegou ao debate com seus próprios problemas. Ele tem perdido terreno nas sondagens e mais recentemente se tornou o alvo de uma campanha de alegações de Trump, sem comprovação, a respeito das atividades empresariais de seu filho Hunter na Ucrânia e na China.
Mas essa questão só foi abordada brevemente pelo próprio Biden, que tentou manter o foco em Trump e no inquérito de impeachment que o presidente enfrenta, resultante da queixa de um delator segundo o qual ele pressionou a Ucrânia a investigar Biden e o filho.
A defesa de Warren de um sistema de saúde universal estatal, ensino superior gratuito e um imposto sobre os ricos faz alguns democratas temerem que sua plataforma seja politicamente inviável e aliene eleitores independentes e moderados.
(Reportagem adicional de Trevor Hunnicutt em Westerville, Ohio)