SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil deve revogar as isenções fiscais que beneficiam fabricantes de automóveis que compram peças no país, o presidente da Anfavea, Antonio Megale, nesta segunda-feira, após anos de estímulos fiscais que viraram alvos de escrutínio de órgãos de comércio exterior.
Falando a jornalistas, Megale disse que as montadoras do país não poderão mais deduzir as compras de peças de automóveis produzidas localmente da alíquota de IPI nos novos regulamentos a serem adotados no final deste ano.
"Precisamos que a indústria brasileira de autopeças seja capaz de produzir competitivamente. Se for suficientemente competitivo, será capaz de produzir tanto para o mercado local quanto para as exportações ", disse ele.
A mudança ocorre após a Organização Mundial do Comércio (OMC) no ano passado condenar incentivos brasileiros para a indústria local, que teriam prejudicaram concorrentes estrangeiros e quebrado regras comerciais.
Essa política, criada em 2011, faz parte de um amplo estímulo industrial introduzido pela presidente Dilma Rousseff, que no entanto foi insuficiente para evitar que a economia caísse na maior recessão da história, enquanto as despesas do governo aumentaram.
A Anfavea apresentará propostas para substituir esse plano, conhecido como Inovar-Auto, no fim de julho, com uma versão final do plano esperado até agosto, o Rota 2030, que manterá as demandas de conteúdo local para as montadoras no país que produzem para exportação, disse Megale.
A Megale acrescentou que as montadoras podem precisar de mais tempo para se preparar para um potencial acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que os diplomatas esperam ser feitos em princípio até o fim do ano.
"Se tivéssemos comércio livre hoje com a União Europeia, a indústria nacional encolheria muito", disse ele.
(Por Bruno Federowski)