BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central piorou suas projeções de inflação para este ano e o próximo, indicando enxergar a alta de preços no centro da meta apenas no início de 2018, fora do objetivo que vem pregando de que esse movimento deve ocorrer em 2017.
Diante do cenário, reiterou que não trabalha com a possibilidade de cortar a taxa básica de juros apesar da forte retração econômica e que fará o necessário para chegar ao seu intuito.
"(O BC) adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo CMN, em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5 por cento, em 2017", informou pelo Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira.
E acrescentou: "reitera que essas condições não permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização monetária", referindo-se às recentes expectativas e taxas de inflação e à situação fiscal do país, entre outros.
A possibilidade de redução da Selic, em 14,25 por cento ao ano desde julho passado, já estava sendo precificada por parte dos agentes econômicos para o segundo semestre deste ano.
Segundo o relatório, o BC vê inflação subindo 6,6 por cento em 2016 e 4,9 por cento em 2017, sobre projeção anterior de elevação de 6,2 e 4,8 por cento, respectivamente, pelo cenário de referência (dólar a 3,70 reais e Selic a 14,25 por cento).
O BC mostrou ainda que vê a inflação a 4,5 por cento --centro da meta-- só no primeiro trimestre de 2018.
As expectativas piores para o avanço de preços na economia vêm apesar da perspectiva de recessão bem mais forte. O BC também ajustou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, passando a ver contração de 3,5 por cento, contra 1,9 por cento anteriormente.
O BC informou ainda que as incertezas em relação ao cenário externo prosseguem, e novamente chamou a atenção para um processo de realinhamento de preços relativos mais demorado e intenso que o previsto.
No relatório, o BC também piorou a probabilidade estimada, pelo cenário de referência, de a inflação ultrapassar o limite superior da margem de tolerância para em torno de 55 por cento este ano, sobre leitura de 41 por cento anteriormente. Para 2017, vê chance de 22 por cento de isso ocorrer, também acima dos 20 por cento de antes.
(Por Marcela Ayres)