Por Steve Scherer
ROMA (Reuters) - A polícia italiana prendeu cinco homens nesta terça-feira por suspeita de assassinar e jogar ao mar dezenas de imigrantes que tentavam chegar ao país vindo da Líbia. Outros três foram acusados de tráfico de imigrantes.
Sobreviventes disseram à polícia que uma luta de vida ou morte eclodiu quando as pessoas que estavam alojadas no porão, sufocando de calor e com a falta de oxigênio, tentaram desesperadamente encontrar espaço no convés lotado.
Para manter os imigrantes na parte debaixo do convés, os cinco homens esfaquearam e atacaram indiscriminadamente cerca de 60 de seus companheiros imigrantes e depois os jogaram ao mar, segundo a polícia. Em seguida, ameaçaram os outros para que não reagissem, do contrário teriam o mesmo fim.
Vinte e nove corpos foram mais tarde recuperados no porão do que tinha sido um precário barco de pesca superlotado. Outro passageiro morreu a caminho de um hospital italiano, provavelmente por envenenamento com monóxido de carbono, disse a Marinha no fim de semana.
Os corpos dos imigrantes jogados ao mar não foram encontrados, informou a força naval.
Um total de 561 imigrantes no barco foram resgatados e levados para a cidade siciliana de Messina, no domingo. De acordo com alguns dos imigrantes, as pessoas pagaram aos traficantes entre 1.000 e 2.000 dólares por um lugar no convés e entre 200 e 500, no porão.
O excesso de calor e fumaça do motor levou os que estavam no porão a tentar sair. Quando foram empurrados para trás e a escada para o convés removida e o acesso fechado, eles se revoltaram, disse a polícia.
"Em questão de minutos, o calor se tornou insuportável e o ar era irrespirável por causa da fumaça do motor", disse um comunicado da polícia. "O desespero levou os prisioneiros a forçar a abertura da porta e a subir na plataforma, onde a tragédia ocorreu."
De acordo com o testemunho de "numerosos" imigrantes, os cinco homens - dois marroquinos, um da Arábia Saudita, um sírio e um palestino - "aleatoriamente" atacaram dezenas de pessoas com facas e os punhos, lançando ao mar as suas vítimas, enquanto amigos e parentes assistiam à cena, disse a polícia.
Devido às águas mais calmas no Mar Mediterrâneo durante o verão, um grande número de pessoas do norte da África está tentando chegar ao litoral italiano. A Itália recolheu mais de 82.000 imigrantes até agora este ano, em sua missão de busca e resgate chamada de "Mare Nostrum" (Nosso Mar) - cerca de 20.000 a mais do que durante todo o ano de 2013.
O número de mortos também está crescendo. No início de julho, a agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU) estimava que 500 imigrantes morreram no Mediterrâneo nos últimos seis meses, em comparação com 700 durante todo o ano passado. Corpos foram recuperados quase que diariamente este mês.