Por Thomas Escritt
AMSTERDÃ (Reuters) - Sinos dobraram e bandeiras foram hasteadas a meio mastro na Holanda nesta quarta-feira, em um dia de luto misturado com raiva, antes da chegada dos primeiros corpos das vítimas da queda de um avião da Malaysia Airlines na Ucrânia na semana passada, em um voo que partira de Amsterdã.
Os dois aviões levando a maioria dos corpos das vítimas aterrissaram nesta quarta-feira num aeroporto da cidade holandesa de Eindhoven, onde eram aguardados por parentes e autoridades locais e estrangeiras.
O primeiro-ministro Mark Rutte liderou o primeiro Dia Nacional do Luto desde a morte da rainha Guilhermina em 1962, em memória às 298 pessoas mortas quando o voo MH17 caiu em uma área no leste da Ucrânia controlada por rebeldes separatistas russos.
Em meio a acusações dos Estados Unidos de que os rebeldes abateram o avião por engano, utilizando um míssil fornecido pelos russos, uma pesquisa de opinião mostrou que uma esmagadora maioria dos holandeses quer a imposição de sanções econômicas contra Moscou, mesmo que isso prejudique sua própria economia.
Os moinhos de vento no país vão lembrar o luto e sinos de igrejas vão soar pouco antes dos primeiros aviões militares de transporte que carregam os restos mortais chegarem ao país, vindos de Kharkiv, no leste da Ucrânia.
Duas aeronaves militares, um Hércules holandês e um Boeing C-17 australiano, carregam 40 caixões de madeira.
Como 193 dos 298 mortos são da Holanda, o ministro de Relações Exteriores, Frans Timmermans, disse que quase todas as famílias no país de 15 milhões de habitantes conheciam alguém que morreu ou seus parentes, contribuindo para uma comoção nacional de choque e luto.
"Pensem em todas as pessoas que estava viajando de férias, todos os jovens que haviam acabado suas provas finais na escola", disse Jikkie van der Giessen, de Amsterdã.
"Eles estavam olhando para o futuro e então foram abatidos. Seja um acidente ou de propósito, esse fato é horrível", disse ela.
Embora muitos passageiros no voo para Kuala Lumpur fossem turistas, pelo menos seis eram especialistas em Aids que iriam para uma conferência em Melbourne, Austrália.
Os sinos dobrarão por 10 minutos e uma saudação de trompete soará à medida que os primeiros caixões forem descarregados diante dos parentes das vítimas e de dignitários, incluindo o rei Willem-Alexander e a rainha Máxima e o primeiro-ministro Rutte.
Representantes de muitos países cujos cidadãos morreram na queda estarão presentes, incluindo o governador-geral da Austrália, Peter Cosgrove.
(Reportagem adicional de Lucien Libert)