LISBOA (Reuters) - A controladora da companhia portuguesa de telecomunicações NOS disse que está "pronta para ser parte de uma solução" para manter ativos da Portugal Telecom em mãos portuguesas, na sequência de uma oferta de 7 bilhões de euros (8,7 bilhões de dólares) feita pela Altice no começo da semana.
A Zopt, acionista controladora da NOS, segunda maior operadora de telecomunicações de Portugal, pertence ao conglomerado local Sonae e à Isabel dos Santos, filha do presidente da Angola.
A Zopt disse em um comunicado curto nesta quarta-feira que estava "pronta para ser parte de uma solução que, em colaboração aberta com as partes envolvidas, assegura o compromisso necessário de todas as partes interessadas e defende o interesse nacional".
O comunicado surgiu após a Altice, controlada pelo bilionário franco-israelense de telecomunicações Patrick Drahi, ter feito uma oferta para comprar as operações portuguesas da Oi, que passou a controlar os ativos da Portugal Telecom depois de uma fusão.
Uma fonte próxima da Zopt disse que a NOS pode oferecer à Oi "as melhores condições financeiras" devido às potenciais sinergias e que está pronta para trabalhar com reguladores portugueses para garantir a competição no mercado.
A NOS compete diretamente com a Portugal Telecom em todas as áreas do mercado português.
Analistas disseram que a oferta pode elevar o valor dos ativos da Portugal Telecom para a Oi, mas estavam cautelosos quanto à possibilidade de o acordo prosseguir devido a preocupações sobre competição.
"Isso surgiu do nada. Do ponto de vista da avaliação de valor dos ativos, é outro rival que aparece, e a Oi pode se beneficiar desta oferta", disse o analista da Caixa BI Artur Amaro.
"Mas do ponto de vista regulatório, isso pode ser complicado. Haveria sobreposição de clientes em todas as áreas de negócios", completou.
A Oi disse que pode vender seus ativos portugueses para pagar dívidas.
A fusão da companhia com a Portugal Telecom azedou depois que a holding Rioforte, da família banqueira Espírito Santo, deixou de pagar uma dívida de quase 900 milhões de euros à Portugal Telecom, sobre a qual a Oi disse não ter tido conhecimento antes da fusão.
(Por Sérgio Gonçalves e Axel Bugge)