Investing.com - O Banco Central manteve a taxa Selic em 6,5% em decisão unânime sua última reunião antes da decisão do novo presidente da República nas eleições de outubro. O comitê vê uma elevação no nível de risco no mercado externo.
A opção pela manutenção dos juros era amplamente aguardada pelo mercado, que apostava que o Copom não criaria mais turbulência no mercado, especialmente, após a alta recente do dólar não ter tido impacto nos preços ao consumidor.
Na avaliação do BC, com o juros no patamar atual e o câmbio a R$ 4,15, a projeção do IPCA ficaria em 4,4%, abaixo da meta de 4,5% ao ano.
Os diretores do banco ainda mantiveram o tom de cobrança de reformas adotado nas últimas reuniões.
"O Comitê enfatiza que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes."
Em relação ao cenário externo, o Copom ressaltou que houve um aumento na deterioração para as economias emergentes. Os diretores levaram em consideração a crise vista na Argentina e Turquia, além da pressão cambial sobre a rúpia indiana, além da guerra comercial crescente entre EUA e China.
Os diretores disseram que o balanço de riscos ainda sugere a manutenção de uma política estimulativa, mas que a taxa poderá ser elevada caso a perspectiva da inflação se eleve.
"O Copom reitera que a conjuntura econômica ainda prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural. Esse estímulo começará a ser removido gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora."
A próxima reunião do Copom começará na semana seguinte ao segundo turno das eleições e os diretores poderão então ter um cenário mais claro da política econômica que deverá guiar o país a partir de 2019. Na pauta, estão o controle do déficit fiscal do país e a reforma da Previdência, cuja importância é há anos relembrada pelo comitê em seus comunicados e na ata das reuniões.
Apesar da alta do dólar e das incertezas eleitorais, a expectativa do mercado tem para o IPCA tem ficado abaixo da meta do BC para 2018. A mediana dos analistas aponta para uma inflação de 4,09% neste ano, contra 4,15% há um mês.
Para 2019, a aposta é de inflação a 4,11%, inferior ao centro da meta que será de 4,25%.
Em relação à taxa de juros, o mercado acredita em manutenção do patamar atual de 6,5% até o final deste ano, com um ajuste para 8% ao longo de 2019, patamar que é mantido até o fim do horizonte de previsões.
Os analistas preveem ainda a redução das pressões sobre o câmbio, que chegaria em dezembro a R$ 3,83.
Subida do dólar afeta o atacado
Apesar de não ter tido efeito no preço ao consumidor, a alta de 10% no dólar, de R$ 3,75 para R$ 4,14 de agosto para cá, já está pressionando a inflação no atacado, como mostram os números dos Índices Gerais de Preços (IGPs) da Fundação Getulio Vargas (FGV), que já estão rodando acima de 1% no mês e acumulando quase 10% em 12 meses.
A alta dos preços no atacado aparece claramente no IGP-10, que considera os preços coletados de 11 de um mês a 10 do mês de referência, e que subiu 1,20% em setembro, ante 0,51% em agosto. O IPA-10, que representa 60% do IGP e reúne os preços no atacado, acelerou de 0,64% em agosto para 1,76% em setembro. Em 12 meses, o IGP-10 acumulou 9,66% de inflação até este mês e o IPA-10, 12,69%.
Já a segunda prévia do IGP-M de setembro acelerou de 0,67% em agosto para 1,34%, também com o IPA saltando de 0,81% para 1,98%. Com isso, o acumulado em 12 meses do IGP-M até a segunda prévia ficou em 9,83% e o IPA, em 13%.
Com Arena do Pavini