Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Brasil registrou uma taxa de desemprego de 6,2% no trimestre até outubro, batendo a mínima recorde da série histórica iniciada em 2012 e com o menor número de pessoas em busca de trabalho em uma década, evidenciando continuidade de um mercado de trabalho aquecido.
O resultado divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou baixa ante a taxa de 6,8% do trimestre imediatamente anterior, até julho, e dos 7,6% vistos no mesmo período do ano passado.
O dado ainda ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters.
"O momento do mercado de trabalho, pelos indicadores que temos, dá para dizer que é uma fase muito consistente, é o melhor momento e com uma diversidade de bons dados e números", disse a coordenadora da pesquisa, Adriana Beriguy.
“Os fatores econômicos, bens, serviços, produção justificam essa taxa recorde. A melhora vem se dando tanto nas atividades ligadas à produção quanto em serviços e demanda", disse, ressaltando que o resultado pode estar ligado também às festas de fim de ano.
Um mercado de trabalho aquecido, com taxa de desemprego muito baixa, levanta pontos positivos e negativos. Se por um lado o maior número de pessoas ocupadas favorece a atividade econômica, por outro complica o controle da inflação, destacadamente com a pressão sobre os preços dos serviços.
No início do mês, o Banco Central elevou a taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto percentual, a 11,25%, e deve realizar novo aumento no início de dezembro, em meio a um cenário inflacionário desafiador, atividade econômica sólida e graves preocupações fiscais.
Nos três meses até outubro, o número de desempregados alcançou 6,839 milhões, uma queda de 8,0% ante o trimestre imediatamente anterior e de 17,2% sobre o mesmo período de 2023. Esse é menor número de pessoas desocupadas desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014.
O total de ocupados atingiu novo recorde, de 103,6 milhões, o que representa alta de 1,5% na comparação trimestral e de 3,4% na base anual.
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado somavam 39,021 milhões no trimestre até outubro, também recorde e um aumento de 1,2% sobre os três meses imediatamente anteriores.
Os que não tinham carteira aumentaram 3,7%, para 14,4 milhões, outro recorde da pesquisa, o que elevou a taxa de informalidade a 38,9% --isso equivale a 40,3 milhões de trabalhadores informais, o maior contingente da série iniciada em 2016.
"A recorrente expansão da ocupação em 2024 tem gerado esses recordes", destacou Beringuy.
Três dos dez grupamentos de atividade avaliados na PNAD Contínua do IBGE puxaram a alta da ocupação em relação ao trimestre de maio a julho. A população ocupada na indústria cresceu 2,9%, na construção houve aumento de 2,4% e o número de trabalhadores em outros serviços subiu 3,4%. Juntas, as três ganharam mais 751 mil trabalhadores no trimestre até outubro.
No período, a renda chegou a 3.255 reais, uma alta de 0,8% sobre os três meses imediatamente anteriores e de 3,9% sobre o mesmo período do ano passado.