Investing.com – Em um momento de eventual inflexão no ciclo de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central preferiu deixar a porta aberta e não realizar indicações a respeito da próxima decisão, na visão de Caio Megale, economista-chefe da XP (BVMF:XPBR31). “O mercado se decepcionou com uma postura pé no chão do Banco Central, o que eu acho uma boa postura em momento de incerteza. Não acho que faz sentido se comprometer tão antes com o que vai fazer”, avalia, ao indicar que o mercado estaria tendo “uma ressaquinha”. Megale tratou do tema em coletiva de imprensa virtual realizada na tarde desta quinta-feira, 22.
Segundo o economista, mudanças no comunicado sinalizam que cortes em agosto não estão fora de questão, com a troca da expressão de que a estratégia de manter a taxa Selic nos níveis atuais por um longo período “será capaz de assegurar a convergência da inflação” por “tem sido adequada” para essa finalidade.
A inflação de junho deve apresentar variação negativa, de acordo com o economista, e retomar a trajetória anterior no mês seguinte. Os dados de desinflação atuais ocorrem devido à normalização das cadeias de produção, mas, no ano que vem, Megale enxerga um possível repique na inflação de alimentos.
Megale ainda destacou o processo de desaceleração em setores da economia. Ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha sido puxado pela agropecuária, o mercado de crédito pressionado e a inadimplência alta passam a penalizar não só pessoas jurídicas em busca de financiamentos, mas pessoas físicas também.
Sobre o arcabouço fiscal, medida criada também para ajudar a ancorar as expectativas, Megale considera que a mudança não é “grande coisa”, pois mantém uma política que considera expansionista, mas, pelo menos, limita a expansão.