Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - Um ano depois que a inflação dos Estados Unidos atingiu o pico e desencadeou uma virada agressiva na política monetária, os funcionários do Federal Reserve podem estar abrindo um capítulo mais encorajador com o primeiro do que analistas esperam ser uma série de dados que mostram as principais medidas de preços em declínio constante.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou nesta quarta-feira que o índice de preços ao consumidor subiu a uma taxa anual de 3% em junho, abaixo das expectativas dos economistas em uma pesquisa da Reuters e a leitura mais baixa desde março de 2021. A leitura marcou uma queda considerável ante uma taxa que chegou em 4% em maio e havia superado 9% em junho de 2022, que foi o nível mais alto em quatro décadas.
Um indicador separado do núcleo da inflação, sem itens voláteis como energia e alimentos, caiu para 4,8%, contra 5,3% em maio, com a queda marcando a maior em mais de três anos.
Pode ser apenas o início do que economistas começam a enquadrar como uma "desinflação" mais duradoura, conforme o impacto da política de aperto monetário do banco central dos EUA no ano passado começa a se manifestar em contratações mais lentas e demanda mais fraca.
"A economia está desafiando as previsões de que a inflação não cairia sem uma destruição significativa de empregos", disse Lael Brainard, ex-vice-chair do Fed que agora é diretora do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, em um evento realizado pelo Clube Econômico de Nova York. "Só hoje vimos evidências novas e encorajadoras de que a economia está no caminho de uma inflação moderada acompanhada por um mercado de trabalho resiliente."
Um mês de boas notícias sobre a inflação, no entanto, não deve dissuadir o Fed de elevar sua taxa básica de juros em mais 0,25 ponto percentual, para a faixa de 5,25% a 5,50%, em sua reunião de política monetária de 25 a 26 de julho. Investidores nesta quarta-feira ainda embutem mais de 90% de probabilidade de tal movimento.
"Não importa como você veja, a inflação está muito alta", disse o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, a um grupo empresarial de Maryland. Ele afirmou concordar que a demanda geral começou a desacelerar, mas ele quer ser "convencido" pelos dados recebidos de que isso se traduzirá em uma inflação mais baixa.
Mas os dados mais recentes do índice de preços ao consumidor podem minar os argumentos para outro aumento de juros após a reunião de julho.
"O relatório de hoje é consistente com nossa visão de que o aperto do Fed está em seus últimos momentos", escreveram economistas do Goldman Sachs (NYSE:GS), prevendo um aumento de 0,25 ponto percentual em julho "seguido por política monetária inalterada pelo restante do ano".