BRASÍLIA (Reuters) - O governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) registrou déficit primário de 8,802 bilhões de reais em junho, menor que o esperado e com destaque para receitas extraordinárias com leilão de hidrelétricas, mas ainda no segundo pior resultado para o mês na série histórica do Tesouro Nacional iniciada em 1997.
Em pesquisa Reuters, a expectativa era de déficit primário de 13,85 bilhões de reais no mês passado, pela mediana das estimativas. O rombo mensal só não foi maior que o de 8,978 bilhões de reais em junho de 2015, em valores corrigidos pela inflação.
Assim como em meses anteriores, informou o Tesouro nesta quinta-feira, as receitas do governo continuaram sangrando em meio ao ambiente de recessão econômica, ao passo que as despesas caíram em menor ritmo, embaladas por gastos obrigatórios.
Em junho, a receita líquida total recuou 5,3 por cento sobre um ano antes em termos reais, a 83,727 bilhões de reais. A queda não foi maior por conta do recebimento de 5,2 bilhões de reais em bônus de outorga pela concessão de 29 usinas hidrelétricas, em leilão realizado no fim do ano passado.
Ao mesmo tempo, as despesas totais tiveram recuo de 5 por cento já descontada a inflação, a 92,529 bilhões de reais sobre um ano antes, impactadas por fatores como redução de 3,5 bilhões de reais em subsídios, diminuição de quase 1 bilhão de reais em desonerações e corte de 2,182 bilhões de reais em gastos discricionários. Neste caso, destaque para a redução real de 62,8 por cento nos desembolsos com o Minha Casa, Minha Vida, que somaram 432 milhões de reais em junho.
Com isso, o governo fechou a primeira metade do ano com déficit primário de 32,522 bilhões de reais, recorde para o período.
A meta para o governo central em 2016 é de rombo primário de 170,5 bilhões de reais. Na semana passada, o governo reconheceu frustração de receitas, em meio ao cenário recessivo no país, ao calcular que será necessário queimar 16,5 bilhões de reais em reservas do orçamento de 2016 para seguir perseguindo a meta fiscal para o ano.
Se o déficit deste ano se confirmar, será o terceiro consecutivo e o maior da série, ressaltando a trajetória de deterioração das contas públicas do Brasil.
(Por Marcela Ayres)