São Paulo, 23 mar (EFE).- A delegada Renata Pontes, principal
responsável pela investigação do assassinato da menina Isabella
Nardoni, desmontou hoje, durante o segundo dia do julgamento, a
alegação da defesa de que a criança foi vítima de um assaltante.
A delegada da Polícia Civil de São Paulo comandou as
investigações em primeira instância. Ela descartou que o homicídio
tenha sido cometido por um assaltante que supostamente invadiu o
apartamento em que Isabella vivia com o pai e a madrasta.
Renata Pontes disse que demorou 18 horas para elaborar o primeiro
relatório do crime e afirmou que tem "100% de certeza" de que os
acusados são os culpados pelo assassinato, ocorrido no dia 29 de
março de 2008.
A delegada foi a segunda testemunha a declarar perante o júri que
o pai da menor, Alexandre Nardoni, e a madrasta da menina, Anna
Carolina Jatobá, são culpados.
Isabella, então com 5 anos, foi encontrada morta no jardim do
condomínio em que viviam o seu pai, Ana Carolina Jatobá e os outros
dois filhos do casal. Ela morava com a mãe, Ana Carolina de
Oliveira, mas costumava passar os fins-de-semana com Alexandre, a
madrasta e os irmãos.
Segundo a versão do casal Nardoni, o crime foi cometido por um
desconhecido pouco depois da família ter voltado para casa de uma
festa.
O desconhecido teria entrado no local com a intenção de roubar o
apartamento e empurrou a menina pela janela do sexto andar enquanto
Nardoni e sua mulher voltavam para a garagem do prédio para buscar
os outros dois filhos, que tinham dormido no carro.
No entanto, não foram encontradas rastros de uma terceira pessoa
no apartamento.
Segundo as investigações, o crime foi cometido pelo pai e pela
madrasta. Ana Carolina Jatobá teria ciúmes da relação de Alexandre
com a filha, como declarou na noite de segunda-feira, primeiro dia
do julgamento, a mãe de Isabella, primeira testemunha a depor.
Os peritos afirmam que menina foi agredida dentro do carro e
depois estrangulada no apartamento pela madrasta. Segundo ele, o
pai, que a encontrou morta, decidiu atirá-la pela janela para
simular assim um ataque cometido por uma terceira pessoa.
A mãe de Isabella disse que o ex-marido era um homem violento,
que inclusive chegou a ameaçar de morte por divergências no momento
de escolher a escola em que a criança estudava.
Um júri popular integrado por quatro mulheres e três homens será
o encarregado de determinar esta semana a culpa ou não do casal. As
provas técnicas constataram que havia rastros de sangue dentro do
carro da família e nos corredores do apartamento.
Um total de 16 testemunhas citadas pela defesa e pela acusação
serão escutadas pelo júri e pelo juiz Mauricio Fossen durante os
cinco dias previstos para o julgamento.
Os dois réus estão presos desde abril de 2008 em penitenciárias
separadas no município de Tremembé, a 147 quilômetros de São Paulo.
Ali também se encontram outros acusados e condenados por crimes que
ganharam notoriedade nos meios de comunicação e cuja segurança
pessoal estaria em risco em outros presídios. EFE