Por Simon Johnson e Michael Holden
ESTOCOLMO (Reuters) - Promotores suecos encerraram nesta sexta-feira investigação sobre o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, por acusação de estupro, mas a polícia britânica afirmou que ainda assim ele será preso se deixar o prédio da embaixada do Equador em Londres, onde está abrigado.
Assange, de 45 anos, se refugiou na embaixada em 2012 para evitar a extradição para a Suécia devido à acusação de duas mulheres de estupro e abuso sexual, que ele nega.
Assange temia ser entregue pela Suécia aos Estados Unidos para enfrentar acusações pela publicação de milhares de documentos secretos militares e diplomáticos norte-americanos pelo WikiLeaks, em um dos maiores vazamentos de informações da história dos EUA.
Assange disse nesta sexta-feira que está preparado para conversar com o Reino Unido e com os Estados Unidos após a Suécia arquivar a investigação, mas defendeu seu direito de continuar na embaixada do Equador em Londres.
Aparecendo na sacada da embaixada no centro da capital britânica, Assange criticou os governos do Ocidente, mas disse estar preparado para começar a dialogar.
"A estrada está longe de terminar. A guerra está apenas começando", disse Assange após levantar um punho fechado em gesto de vitória. "Minha equipe legal entrou em contato com autoridades do Reino Unido e nós esperamos começar um diálogo sobre qual é o melhor caminho a seguir."
"Embora tenham sido feitos comentários extremamente ameaçadores, estou sempre feliz em dialogar com o Departamento de Justiça sobre o que aconteceu".
A procuradoria sueca informou em comunicado que não pode avançar com a investigação devido a obstáculos legais. Em um documento judicial visto pela Reuters, a procuradora-chefe, Marianne Ny, disse que não há mais caminhos para se levar a investigação em frente.
"Nós não estamos fazendo uma declaração sobre a culpa dele", disse Ny, acrescentando que a investigação pode ser reaberta se Assange for à Suécia antes do prazo de prescrição da acusação de estupro em 2020.
O advogado de Assange, Per Samuelson, disse que a decisão da Suécia de arquivar a investigação é uma "vitória total".
Entretanto, a polícia de Londres afirmou, em comunicado, que Assange continua sendo alvo de mandado de prisão independentemente da decisão dos procuradores suecos.
"A Corte de Magistrados de Westminster emitiu um mandado de prisão para Julian Assange depois que ele se recusou a comparecer ao tribunal em 29 de junho de 2012", disse a polícia.
"O Serviço Metropolitano de Polícia é obrigado a cumprir esse mandado caso ele deixe a embaixada".
(Reportagem da redação de Estocolmo)