Por Bernardo Caram
(Reuters) - O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta terça-feira que está se consolidando um cenário benigno para a inflação, mas que os preços de serviços seguem em níveis mais elevados.
"De modo geral, se observa esse comportamento mais benigno”, disse Guillen, horas após a divulgação de dados positivos da inflação em junho, destacando movimentos de redução de preços em alimentação e bens industriais.
Falando em evento do Sicredi (Sistema de Crédito Cooperativo) em Anápolis (GO), o diretor afirmou que a resiliência da inflação de serviços corrobora cenário de desinflação "em dois estágios" previsto pelo BC.
Segundo ele, o país passa agora pelo segundo estágio, em busca de baixar os preços de itens menos voláteis, incluindo serviços. Esse processo, para Guillen, é mais custoso.
Nesta terça-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que o IPCA registrou deflação pela primeira vez em nove meses em junho, graças às quedas nos preços de alimentação e transportes. A taxa acumulada em 12 meses ficou em 3,16%, abaixo do centro da meta para o ano, de 3,25%.
Na avaliação do diretor, o Brasil passa por uma desaceleração da atividade econômica compatível com o atual ciclo da política monetária. Para ele, o movimento de redução nas concessões de crédito também reflete o patamar da taxa de juros.
Preocupações com a inflação de serviços contribuíram para uma leve alta nas taxas de contratos futuros de juros de curto prazo nesta terça-feira, com uma redução das apostas de que o BC poderá cortar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual em sua próxima reunião de política monetária, no início de agosto.
A maioria dos investidores espera por um corte de 0,25 p.p. após o Comitê de Política Monetária ter sinalizado, em sua reunião mais recente, disposição de começar a reduzir a Selic, atualmente em 13,75%.
META CONTÍNUA
Na apresentação, Guillen avaliou, ainda, que a decisão do Conselho Monetário Nacional de estabelecer uma meta contínua para a inflação, mantendo o alvo em 3% para 2026, representou a retomada da credibilidade do regime de metas.
Para ele, apesar de os detalhes do novo sistema não terem sido formalizados pelo governo, a mudança ajuda a trazer a inflação para o centro da meta aos poucos.
De acordo com o diretor, a redução observada nas expectativas para a inflação de períodos mais longos, embora ainda acima das metas, também está ligada, na margem, ao anúncio sobre a meta.