Buenos Aires, 27 mai (EFE).- O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, exortou nesta sexta-feira em Buenos Aires aos países da América Latina para investirem e em educação e em infra-estrutura a fim de duplicarem a produção econômica regional para 2025.
"Se buscássemos duplicar nossa produção econômica regional para 2025, nossos países ingressariam ao grupo das sociedades que conseguiram garantir uma qualidade de vida decente a maioria de seus cidadãos", afirmou o presidente do BID.
Moreno disse que os países devem crescer a uma taxa de 4,8 % ao ano para duplicar o PIB regional. Porém ele acredita que essa meta só é viável se as nações superarem os "cinco grandes obstáculos", a baixa produtividade, a falta de qualidade na educação e inovação, as deficiências em infraestrutura, a violência e a criminalidade, além dos desafios da política macroeconômica.
"Com exceção da mineração e da agricultura, a produtividade na América Latina ficou estagnada por 15 anos. Talvez a maior surpresa fosse que os serviços, que geram 70 % dos empregos da região são os mais atrasados quanto a produtividade", avaliou o colombiano durante a apresentação em um hotel da capital argentina.
Quanto à educação e à inovação, considerou que em países como o México, o Brasil e a Argentina, o gasto público "é comparativamente alto", mas "o problema é que os resultados com este investimento são muito pobres", advertiu.
O titular do BID também alertou sobre a diminuição nos últimos anos do investimento em projetos de infraestrutura e estimou que a América Latina deve dedicar 6 % de seu Produto Interno Bruto a este segmento a fim de "fechar estas brechas" e se adaptar "aos rigores da mudança climática".
Sobre violência e criminalidade, disse que é o desafio "mais difícil e espinhoso", embora "seja hora de reconhecer a seriedade do problema, colocá-lo entre os primeiros temas da agenda pública e se apropriar de soluções que deram certo em outras partes da região".
Também "ainda tem muito que fazer com relação à política macroeconômica. O desafio consiste em elaborar mecanismos, como os fundos de estabilização, que nos permitam tanto amortecer os golpes dos choques externos, como financiar os investimentos públicos que se deve fazer para aumentar a produtividade", reiterou.
Moreno acredita que se os países dessa região enfrentarem estes desafios será possível atingir a meta de duplicar seu PIB nos próximos 15 anos e com isso multiplicar a renda per capita, reduzir a pobreza em torno de 20 % e aumentar a classe média.
O colombiano disse que, apesar do crescimento alcançado entre 1990 e 2010, lamentou que não tenha diminuído "a sensação de crise", mas definiu à América Latina como "o novo motor do crescimento da economia mundial" junto com a Ásia.
Moreno explicou que em 2010 a taxa de inflação média regional ficou em 7 % na região, a dívida externa representou cerca de 10 % e a renda per capita média alcançou US$ 11,2 mil, representando assim todos os indicadores de melhoria em comparação a 1990.
Também reiterou "os notáveis resultados" na diminuição da pobreza e na taxa de mortalidade infantil, no aumento de cobertura de educação e de água potável, e no crescimento do comércio com a Ásia frente à redução de intercâmbio com os Estados Unidos.
"As grandes empresas da região, que durante anos só olhavam para o mercado interno, apostaram na globalização. Tanto que hoje existem 66 empresas multilatinas, e o comércio entre os nossos próprios países, que somava apenas US$ 18 bilhões em 1990, passou para US$ 180 bilhões em 2010", afirmou. EFE