Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá uma conversa por telefone nesta terça-feira com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden para tratar das eleições venezuelanas, de acordo com três fontes ouvidas pela Reuters, em um pedido dos norte-americanos para analisar a situação no país vizinho.
O telefonema foi incluído formalmente na agenda do presidente nesta manhã e será às 15h30.
De acordo com as fontes, o governo norte-americano quer ouvir a avaliação do Brasil sobre o resultado das eleições no país vizinho.
O atual presidente venezuelano, Nicolás Maduro, teve sua vitória declarada, mas o Conselho Nacional Eleitoral não apresentou as atas das seções eleitorais. O resultado formal está sendo contestado pela oposição e não foi reconhecido pelo Brasil e pelos Estados Unidos.
O governo brasileiro negocia, ainda, uma declaração conjunta com México e Colômbia cobrando a divulgação das atas das mesas de eleição, o que o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano não fez até o momento, apesar de ter declarado a vitória de Maduro.
Os três países até agora tiveram a mesma posição, de não reconhecer a vitória do presidente venezuelano e pedir a publicação das atas, como prevê a lei eleitoral do país. A avaliação é que uma posição conjunta dos três, que mantém ainda relações próximas com o governo chavista da Venezuela, aumenta a pressão sobre Maduro.
Na segunda-feira, o assessor especial da Presidência Celso Amorim -- enviado por Lula a Caracas -- teve reuniões com Maduro e com o candidato da oposição, Edmundo González. A Maduro, Amorim pediu que as atas das mesas de votação sejam divulgadas, e recebeu a promessa de que o serão "em breve", de acordo com fontes ouvidas pela Reuters.
O presidente venezuelano atribuiu o atraso a um suposto "ataque hacker" ao sistema eleitoral venezuelano. A acusação foi repetida por Maduro em seu primeiro discurso depois de ter sido declarado reeleito, afirmando que o sistema recebeu um "ataque massivo" vindo de outro país.
Na conversa com González, o candidato opositor reforçou sua versão de que a oposição tem provas de que venceu as eleições.
Amorim volta ao Brasil nesta terça-feira. O embaixador vem falando todos esses dias com Lula, mas deverá fazer um relato mais completo da situação venezuelana na sua chegada a Brasília.
Até agora, Lula tem evitado se manifestar publicamente, mas passou por ele a nota do Ministério das Relações Exteriores em que ficou claro que o país não aceitaria a declaração de vitória de Maduro sem transparência nas informações. A tendência é que o presidente continue sem se manifestar diretamente, ao menos pelos próximos dias.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)