Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - Representantes de trabalhadores da BRF (SA:BRFS3) estão se mobilizando de olho nas negociações salariais previstas para começar este mês após a companhia de alimentos anunciar na semana passada prejuízo de 372 milhões de reais em 2016.
Diante da perda, a empresa comunicou aos funcionários, também na última semana, que não haverá distribuição de recursos relacionados à participação de lucros e resultados (PLR) do período nas unidades que têm esse benefício.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins), Artur Bueno de Camargo, destacou que em todo o ano de 2016 a empresa sinalizou aos funcionários que eles estavam atingindo os patamares de produção e qualidade que compõem a PLR.
"Nossa grande preocupação é que este mês começam as negociações coletivas de trabalho e se empresa se posicionou assim sobre a PLR pode querer fazer o mesmo nas negociações coletivas", afirmou à Reuters.
Nesse contexto, a CNTA Afins realiza na quarta-feira em São Paulo encontro nacional com representantes de sindicatos e federações para discutir o assunto e apresentar uma pauta unificada.
"Queremos fazer essa discussão na quarta-feira, obter um posicionamento e começar a mobilizar os trabalhadores para uma ação nacional", disse Camargo, que não descarta a possibilidade de paralisações.
A BRF confirmou à Reuters o anúncio aos funcionários sobre a PLR, destacando que o benefício está intrinsecamente ligado ao resultado da empresa. Também disse que mantém relacionamento constante com todos os sindicatos e que analisará eventuais reivindicações.
Na teleconferência sobre os números de 2016, executivos da empresa afirmaram que BRF está ajustando seu modelo de gestão a fim de corrigir erros e lidar com dificuldades que pressionaram os resultados da companhia.