Por Noah Browning
RAMALLAH (Reuters) - O presidente palestino, Mahmoud Abbas, assinou 20 acordos internacionais nesta quarta-feira, incluindo o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, um dia depois de ter uma proposta de resolução rejeitada no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
A medida, que irritou Israel e Estados Unidos, abre caminho para o tribunal ter jurisdição sobre os crimes cometidos nos territórios palestinos e investigar a conduta dos líderes israelenses e palestinos ao longo de mais de uma década de conflito sangrento.
"Eles nos atacam e atingem nossa terra todos os dias e para quem podemos reclamar? O Conselho de Segurança nos decepcionou - onde devemos ir?", disse Abbas a um grupo de líderes palestinos em comentários transmitidos pela televisão oficial.
Nos meses que antecederam a tentativa de aprovação de uma resolução na ONU, que fracassou na noite de terça-feira, a Suécia reconheceu o Estado palestino e os parlamentos de França, Grã-Bretanha e Irlanda aprovaram moções de cumprimento não obrigatório instando seus governos a fazer o mesmo.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reagiu à decisão de Abbas e prometeu tomar medidas para repelir eventuais movimentos contra Israel.
"Vamos tomar medidas em resposta a isso e defenderemos os soldados de Israel", disse Netanyahu em um comunicado.
Os EUA disseram que o ato era profundamente preocupante e não contribuía para os esforços de paz na região.
"É um passo para trás que não vai conseguir chegar a nenhum dos resultados que a maioria dos palestinos espera ver há muito tempo para o seu povo", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Jeff Rathke, em comunicado. "Ações como esta não são a resposta."
Os palestinos querem um Estado que inclua a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, territórios que Israel capturou na guerra de 1967.
Os esforços para reconhecer a Palestina têm ganhado força desde que Abbas obteve sucesso no reconhecimento de facto de um Estado palestino na Assembleia-Geral da ONU em 2012, o que tornou os palestinos elegíveis a fazer parte do TPI.
Na terça-feira, o Conselho de Segurança da ONU rejeitou um projeto de resolução dos palestinos que pedia um acordo de paz em 12 meses e a retirada de Israel dos territórios palestinos ocupados até o fim de 2017.
(Reportagem adicional de Dan Williams e Allyn Fisher-Ilan)