RIO DE JANEIRO (Reuters) -A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta quinta-feira que a redução da taxa Selic de seu patamar atual de 13,75% precisa ser iniciada com um corte de 0,5 ponto percentual pelo Banco Central, e não de 0,25 ponto percentual, como é amplamente previsto pelo mercado.
Segundo Tebet, o mercado já apontou que está na hora de o BC baixar os juros, e o setor de varejo “está ficando sufocado“ pelo nível atual da taxa básica.
“Não tem como. Não é possível que o BC não comece a baixar a partir de agosto, e que o corte seja de meio ponto, porque 0,25 vai mostrar uma sinalização de que não vamos chegar a 12% até o fim do ano”, disse a ministra em entrevista a jornalistas após participar de um evento no Rio de Janeiro.
Segundo Tebet, as condições macroeconômicas são mais favoráveis atualmente do que eram no ano passado, citando como exemplos a redução da inflação, a aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária pela Câmara dos Deputados e também uma maior estabilidade política.
A ministra afirmou ainda que os dois novos diretores do BC indicados pelo governo federal, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, serão "vozes" favoráveis à redução dos juros dentro do Comitê de Política Monetária (Copom).
"Nós temos agora dois diretores que estarão lá mostrando o que está acontecendo dentro do governo, até por que um deles era braço direito do Haddad“, afirmou, fazendo referência a Galípolo, que era secretário-executivo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antes de ser indicado ao BC.
"Teremos duas vozes lá mostrando a responsabilidade fiscal do governo, os números positivos que nós temos em favor da redução (da Selic)”, acrescentou Tebet.
Na ata de sua última reunião de política monetária em junho, o BC sinalizou que a maioria dos membros do Copom vê a possibilidade de iniciar um afrouxamento "parcimonioso" em agosto, desde que um cenário de inflação mais benigno se consolide.
No mercado de juros futuros, investidores apostam predominantemente em um corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião do Copom, em 1 e 2 de agosto, ainda que a perspectiva de uma redução de 0,50 p.p. tenha ganhado força nos últimos dias.
Questionada na entrevista no Rio, Tebet também afirmou que o governo ainda não iniciou estudos sobre uma possível redução de impostos para eletrodomésticos da linha branca. Na véspera, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que tinha feito uma sugestão nesse sentido ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.
“Não tem nada e temos que ser acionados pelo vice-presidente. Soubemos disso no discurso do presidente. O primordial antes que isso aconteça é acontecer o Desenrola, por que as família estão endividadas“, disse Tebet, mencionando o novo programa do governo para renegociação e perdão de dívidas.
(Por Rodrigo Viga GaierEdição de Pedro Fonseca)