SÃO PAULO (Reuters) - O UBS Brasil elevou a projeção para o desempenho da economia no terceiro trimestre e no ano de 2020 como um todo, citando dados de alta frequência já divulgados em meio a uma retomada "mais rápida" em forma de V, em parte pelo coronavoucher.
O banco aumentou de 4% para 9% a expectativa de expansão do PIB entre julho e setembro sobre os três meses imediatamente anteriores, com crescimento de 2,5% no último trimestre. Para 2020, a projeção melhorou para queda de 4,5%, ante retração de 5,5% esperada antes.
"O varejo subiu para níveis pré-pandemia, o PMI manufatureiro de agosto se aproximou de 65, enquanto a confiança do empresário e do consumidor está próxima de patamares do final do ano passado", disse o UBS em nota.
Ainda assim, Fábio Ramos, economista do UBS Brasil, espera que a economia só recupere os patamares pré-crise do Covid-19 entre o fim de 2021 e início de 2022.
"A alta forte do PIB (no terceiro trimestre) não vai fazer a economia voltar ao nível pré-crise da Covid, mas de qualquer maneira vai fechando o gap", disse o economista à Reuters.
Com a queda de 9,7% no segundo trimestre, o PIB voltou ao patamar do final de 2009, auge dos impactos da crise global provocada pela onda de quebras na economia norte-americana. A economia brasileira está 15,1% abaixo do pico alcançado no começo de 2014.
"Podemos ter uma ressaca no começo do ano que vem, com a retirada do auxílio (emergencial), com chance de haver crescimento perto de zero (no início do ano) depois deste semestre de recuperação", afirmou Ramos, chamando atenção para fatores "conflitantes --a necessidade de retirar estímulos para preservar a confiança fiscal, mas o risco de uma remoção rápida da ajuda à performance da atividade no curto prazo.
(Por José de Castro)