WASHINGTON (Reuters) - Centenas de milhares de mulheres tomaram as ruas das principais cidades norte-americanas para liderar uma onda sem precedentes de protestos contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ridicularizando e denunciando o novo líder do país um dia após sua posse.
Mulheres ativistas, furiosas pela retórica de Trump e por um comportamento considerado por elas como misógino, lideraram marchas nos EUA e protestos ao redor do mundo neste final de semana.
Organizadores disseram ter atraído quase 5 milhões de manifestantes ao todo, superando em muito as expectativas.
As manifestações também destacaram o forte descontentamento em relação aos comentários de Trump e os posicionamentos políticos dele em direção a uma variedade de grupos, incluindo imigrantes mexicanos, muçulmanos, deficientes e ambientalistas.
Em contraste com o tom aquecido, muitas vezes estridente da campanha presidencial, e da imagem de "carnificina americana" que Trump evocou em seu discurso inaugural, o clima dos protestos foi em grande parte otimista, festivo até.
Cantando slogans como "Precisamos de um líder de verdade, não de um tweeter assustador", e "Hey-hey, ho-ho, Donald Trump tem que ir embora", muitas manifestantes usavam chapéus rosas em referência à frase de Trump, em um vídeo de 2005 que foi tornado público semanas antes das eleições, sobre pegar as mulheres pelos genitais.
Enquanto as mulheres constituíam o grosso dos manifestantes, muitas estavam acompanhadas de maridos, namorados e crianças.
O centro dos protestos, a Marcha das Mulheres em Washington, pareceu atrair uma multidão maior do que a que compareceu um dia antes para testemunhar o juramento de Trump nos degraus do Capitólio.
Estimativas oficiais não ficaram disponíveis, mas claramente superaram os 200 mil manifestantes projetados pelos organizadores, preenchendo longas faixas do centro de Washington ao redor da Casa Branca e do National Mall.
Centenas de milhares de mulheres se aglomeraram em Nova York, Los Angeles, Chicago, Denver e Boston, somando a uma manifestação pública de dissidência em massa contra Trump incomparável na política moderna dos EUA para o primeiro dia completo de um novo presidente no cargo.
Organizadoras da chamada Marcha das Irmãs estimaram 750 mil manifestantes nas ruas de Los Angeles, uma das maiores no sábado. A polícia afirmou que o comparecimento foi maior que a marcha pró-imigração que levou às ruas 500 mil pessoas.
Cerca de 400 mil pessoas marcharam em Nova York, de acordo com o prefeito Bill de Blasio, apesar dos organizadores estimarem 600 mil.
O evento de Chicago ficou tão grande que os organizadores fizeram um comício, em vez de uma parada pela cidade. A polícia afirmou que mais de 125 mil pessoas compareceram, enquanto patrocinadores estimaram uma multidão de 200 mil, mesmo número reportado para Boston e Denver.
Protestos menores ocorreram também em cidades como Seattle, Portland, Oregon, Madison, Wisconsin e Bismarck, na Dakota do Norte.
(Reportagem adicional de Lisa Lambert, Mike Stone, Jonathan Landay, Ian Simpson Ginger Gibson e Joel Schectman em Washington; Lisa Girion em Los Angeles; Jonathan Allen em Nova York; Timothy McLaughlin em Chicago e Deborah Todd em San Francisco)