MADRI (Reuters) - O Banco Central Europeu poderá começar a cortar as taxas de juros em junho, após uma contínua desaceleração da inflação na zona do euro, disse a autoridade do BCE Pablo Hernández de Cos em um evento financeiro em Barcelona nesta quarta-feira.
Seus comentários foram feitos depois que a inflação da zona do euro diminuiu inesperadamente no mês passado, solidificando argumentos para que o BCE comece a reduzir os custos dos empréstimos, que estão em níveis recordes.
"A partir de hoje, o cenário central é que junho poderá ser o primeiro corte nos juros", disse De Cos em um evento sobre finanças em Barcelona.
A alta dos preços ao consumidor nos 20 países que compartilham o euro desacelerou para 2,4% em março, de 2,6% no mês anterior, desafiando expectativas de uma taxa estável, à medida que os preços de alimentos, energia e produtos industriais puxaram o valor da inflação geral para baixo.
A inflação subjacente caiu para 2,9%, de 3,1%, ficando abaixo das expectativas de 3,0%, mostraram dados da agência de estatísticas da União Europeia nesta quarta-feira.
"Os dados foram positivos, uma nova redução na inflação, inclusive no núcleo da inflação. O mais importante é que são compatíveis com a previsão de março do BCE", disse De Cos, que também é presidente do Banco da Espanha.
O BCE tem sido cauteloso para começar a afrouxar sua política monetária porque espera que a inflação volte a atingir sua meta de 2% só no próximo ano.
Em suas projeções econômicas trimestrais divulgadas em março, o BCE reduziu sua previsão para o crescimento dos preços neste ano de 2,7% para 2,3% e disse que agora espera que a inflação caia para 1,9% em meados de 2025.
"Deixe-me enfatizar que essa não é uma projeção incondicional, que obviamente continuaremos recebendo informações que terão de ser analisadas cuidadosamente", disse De Cos.
Na reunião da próxima semana, espera-se que o banco central reconheça a melhora nas perspectivas, mas é improvável que as autoridades reduzam os juros imediatamente.
Os investidores não veem quase nenhuma chance de um corte em 11 de abril, mas precificam integralmente um movimento para junho, seguido por mais dois ou três passos neste ano.
(Reportagem de Jesús Aguado)